Retrospectiva 2018 – 2023

Congregação Festiva em 15 de dezembro de 2023. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)

O ano de 2023 foi um ano exaustivo, mas com muitas buscas e realizações. Aproveitando a Congregação Festiva, resolvemos apresentar para o corpo social uma espécie de retrospectiva do que foram estes cinco anos à frente do Museu e resolvi deixar registrado aqui na seção Palavra da Direção, no boletim “Harpia”, para compartilhar também com quem não pode estar presente. Confesso que fiquei surpreso ao reunir tudo o que alcançamos, apesar de tudo!

E pensar que, no início de 2018, vivemos tantos momentos especiais, como a homenagem no Carnaval, a celebração dos 200 anos do nosso Museu, a assinatura de contrato com o BNDES… Diante de tantas alegrias, não deu tempo de chegar essa verba, não deu tempo de colocarmos em prática o que as gestões anteriores já estavam buscando implementar há muito tempo. Lamentavelmente, o fatídico incêndio mudou tudo. As parcerias que estávamos buscando e firmando para tantas melhorias precisaram ser reformuladas. Todos nós precisamos intensificar nossos esforços pelo Brasil e o mundo para reconstruir o histórico Paço de São Cristóvão, construir novos espaços, revitalizar o que sobrou, buscar a recomposição do nosso acervo, manter as atividades de ensino, pesquisa e extensão ininterruptas.

Sim, ainda falta muito, mas, diante das dificuldades, avalio que todos podemos nos orgulhar com o que tem sido conquistado por todos nós! É absolutamente fundamental a compreensão que a maioria das realizações é fruto do trabalho de muitos e não apenas de uma única pessoa ou grupo. O mesmo pode ser dito para os insucessos, que às vezes acontecem por fatalidades, mas também pela inação daqueles que poderiam ter feito diferente. Felizmente, o balanço é muito positivo! Como friso sempre, o momento continua sendo o de união. Vou detalhar um pouco mais a seguir.

Campo administrativo

No campo administrativo, houve mudanças logo no início da gestão empossada em 2018! E foram várias, como a criação da Chefia de Gabinete, as ampliações do número de funções gratificadas – todas antes do fatídico incêndio. Também foram criadas a Diretoria-Adjunta de Coleções, em2019, e a Diretoria-Adjunta de Integração Museu e Sociedade, em2022.

Pelas circunstâncias, outro ponto que se enquadra na parte administrativa foi a criação do Núcleo de Resgate de Acervo, em setembro de2018. tão bem executado por diversos membros do corpo social da casa! Com incentivo e apoio da UFRJ, do MEC, da UNESCO, da SAMN e do Governo da Alemanha a área do palácio pode ser cercada e um telhado provisório organizado. É importante frisar que a Direção, logo após o incêndio, destinou recursos a duas áreas essenciais: assessoria de imprensa e Resgate, este último tendo, inclusive, autonomia para a solicitação de recursos, até o valor de R$ 10 mil, sem a necessidade prévia de autorização do diretor! Naturalmente, a administração da casa não se resume à Diretoria! Cabe um agradecimento especial aos membros da Congregação, aos coordenadores dos cursos de pós-graduação e aos chefes de departamentos e setores, cada um contribuindo para que o Museu Nacional não deixasse de funcionar!

Eventos nos mantém próximos da sociedade

Graças ao trabalho de toda a casa – professores, técnicos administrativos em educação, estudantes, trabalhadores terceirizados e parceiros-, foram realizados diversos eventos, demonstrando para a sociedade que o Museu Nacional VIVE! Realmente vale ressaltar, de logo do início de 2018, a homenagem prestada pela Imperatriz Leopoldinense ao levar para a avenida o enredo “Uma Noite Real, no Museu Nacional”. Ainda gestada na administração passada, essa iniciativa movimentou a casa e muitos participaram! Ver o Museu “passar” pela avenida no dia 13 de fevereiro foi simplesmente emocionante e inesquecível!

Também teve a festa do bicentenário do Museu, onde, como alguns notaram muito bem, não estavam presentes nenhum ministro de estado, apesar de terem sido convidados. Isso demonstra a dificuldade que já tínhamos de mostrar para as autoridades competentes a necessidade de uma atenção maior para essa instituição, que não é apenas o primeiro museu fundado no país, mas também a primeira instituição científica brasileira.

Logo após o incêndio ocorrido no dia 2 de setembro de 2018 (data que, aliás, deveria fazer parte do calendário nacional para chamar atenção para a questão do patrimônio), a Seção de Assistência ao Ensino (SAE) fez um primeiro evento na Quinta da Boa Vista. Muitos outros seguiram, sobretudo o Festival Museu Nacional Vive, que teve algumas edições, as comemorações de aniversários da instituição, em 06 de junho, e o evento que marca a passagem do incêndio e início da reconstrução, em 02 de setembro. Outros eventos envolveram o lançamento de livros, como “Museu Nacional Panorama dos Acervos: Passado, Presente e Futuro”, em julho de2019, e “500 Dias de Resgate – Memória, Coragem e Imagem”, em abril de 2021. Mesmo diante da pandemia da Covid-19, muitos de vocês organizaram e participaram de ações de forma remota! Todas essas inciativas são de fato muito importante para a nossa instituição continuar cumprindo sua missão!

Ainda na parte de eventos, não tem como deixar de destacar a ação de organizar a primeira Cápsula do Tempo do Museu Nacional/UFRJ, graças a ação de estudantes, pesquisadores e técnicos, não apenas da nossa instituição., Isso ocorreu no dia 25 de novembro de 2022, ano do Bicentenário da Independência do Brasil. Poucos sabem, mas a cápsula anterior, que ficava também na frente do Paço de São Cristóvão foi organizada sem a participação da instituição. Espero que essa primeira Cápsula do Tempo do Museu Nacional seja adotada como algo tradicional do Museu, e que algumas das crianças que testemunharam o evento estejam presentes quando ela for aberta em 2072!

Exposições

Em termos de exposições, que foram muito afetadas devido ao incêndio, também a instituição não deixou a desejar! Quatro meses após o 2 de setembro, o Museu abriria a sua primeira mostra: “Quando nem Tudo era Gelo: Novas Descobertas no Continente Antártico”, organizada no Centro Cultural Casa da Moeda. Aliás, ali foi o berço do Museu quando fundado por D. João VI! Também cabe destaque para a exposição “Arqueologia do Resgate – Museu Nacional Vive” no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio! Confesso a vocês que adorei o fato de mais de 500 pessoas estarem presentes e de ter recebido reclamações de pessoas que não conseguiam entrar nessa inauguração…

Foram muitas outras exposições que não poderiam ter sido organizadas, se não fosse a dedicação de muitos: “Os Primeiros Brasileiros”, “Museu Nacional Vive – Memórias e Perspectivas” (a primeira no Congresso Nacional!), “Museu Nacional Vive: Polos Esculturas, Memória e Minerais”, “Nas Asas da Ciência – Um Voo pelas Ilhas Cagarras”, no Aeroporto Santos Dumont, “Recompõe Mineralogia”, sendo a primeira dentro do Paço de São Cristóvão, mesmo que vista pelo público a partir das portas, “Que Baleia é Essa?”, “Da Gênese ao Apocalipse”, “Luzia e Berthasaura em Madureira”, e muito mais, além de participações com nosso acervo!

Ainda no que tange as exposições, é importante registrar o trabalho que tem sido feito desde 28 de setembro de 2018 com relação às novas exposições da instituição! Em julho de 2020, foi feita a primeira reunião de Comitê Curatorial, que ao final deste ano, em conjunto com a empresa que está atuando nas exposições, avançou bastante na questão expositiva que estará no Paço de São Cristóvão! Ele ficará dedicado exclusivamente às exposições e atividades educativas.

Comunicação institucional

A questão da comunicação institucional foi também um ponto valorizado durante esses cinco anos. A principal destas é a interação com a imprensa. Foram, ao total, 22 coletivas de imprensa, versando desde novas informações sobre a reconstrução do Museu até importantes descobertas realizadas por cientistas da casa! Entre as principais. cabe o destaque dado à visita do Presidente Lula e sua comitiva, que envolveu diversos ministros e que encheu a todos com muita esperança!

Passamos a ter todo domingo um diálogo direto com a sociedade nas redes sociais do Museu Nacional, numa gestão transparente, com a Coluna do Diretor, que estamos já próximos da edição 190. Criamos o e-mail Fale com o Diretor também com esse intuito de ouvir as pessoas e dialogar com elas.Como o trabalho de comunicação integrada é essencial, buscamos recursos para poder contratar profissionais que apoiam nossos servidores, trabalhando nas mídias sociais e na comunicação interna. Isso que possibilitou também na volta do boletim “Harpia”, que passou a circular de forma contínua desde junho de 2021! Participem com sugestões de conteúdos sobre o que vocês estão produzindo — dá até para colocar no Lattes!

Juntos, sempre!

Ademais, não poderia deixar de, nessa retrospectiva, agradecer especialmente à Associação Amigos do Museu Nacional – a nossa querida SAMN! Todas as diretorias que atuaram desde 2018 não mediram esforços para ajudar nas diferentes frentes de ações da nossa instituição. Sem a SAMN, não estaríamos com diversos projetos em curso e, talvez, os nossos apoiadores já teriam desistido dessa desafiadora reconstrução. Como já falei diversas vezes, para mim a posição de presidente da SAMN é, no mínimo, equivalente ao cargo de diretor. Para que a casa tenha noção do que é realizado, nesses últimos cinco anos foram aproximadamente 140 projetos diferentes e mais outros estão em vista!

Todos nós temos muitos desafios pela frente, que estão diretamente ligados às nossas perspectivas! A reconstrução do Museu Nacional/UFRJ continua avançando. Conseguimos o terreno de 43.400 m2, cujas obras de implementação encontram-se em andamento.  O mesmo podemos falar sobre o prédio de manuseio de coleções líquidas – uma verdadeira conquista! As obras da Biblioteca Central estão praticamente finalizadas, mas ainda precisamos de uns ajustes e outras questões burocráticas para fazer uma entrega oficial. Também temos tido avanços na revitalização de partes do Horto Botânico.

No Paço de São Cristóvão, as obras têm ganhado uma atenção especial por parte do governo federal depois da visita do Presidente Lula! O MEC, através do Ministro Camilo Santana, está priorizando a reabertura de parte significativa do Museu para o primeiro semestre de 2026! O Projeto Museu Nacional Vive, cujo acordo foi assinado em 03/03/2020, conseguiu aprovar recentemente um PRONAC de R$ 90 milhões e agora precisamos captar! Também temos que iniciar logo mais uma fase das obras, o que está sendo planejado para início de 2024. E vamos precisar conseguir novas fontes de recursos para poder fazer frente a estas demandas.

Outro ponto desafiador é a questão do acervo. Em 02 de setembro de 2021 foi lançada a campanha Recompõe! A parte visual acabou sendo modificada pelo Projeto Museu Nacional Vive e vamos ter que fazer adaptações para poder dar créditos aos quase 100 doadores que conquistamos até o momento! Também nos cabe a finalização dos três módulos (eram seis!) no Campus de Pesquisa e Ensino Museu Nacional.

Aproveito para agradecer a cada um que participou das centenas de atividades e projetos desenvolvidos durante esses cinco anos! Finalizo desejando a todo corpo social da instituição como também aos leitores do Harpia um FELIZ NATAL e que 2024 seja um ano de muitas realizações! Estamos no caminho certo!

Alexander Kellner

Diretor do Museu Nacional/UFRJ.

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