Saiba como foi o boletim Harpia que circulou na década de 1990

Quando a gente promoveu o concurso cultural para toda a comunidade interna do Museu Nacional/UFRJ sugerir os nomes para o nosso boletim interno, o Sergio Maia Vaz inscreveu Harpia, em homenagem à publicação que circulou na década de 1990 no nosso campus. Assim que abrimos a votação online, ele defendeu no grupo de WhatsApp dos técnicos a importância desse nome, que é a ave-símbolo da instituição. Entre os 129 votos recebidos, 30 foram para ele. Agora, Sergio nos ajudou a resgatar a história da publicação, conseguindo fotos de exemplares e nos colocando em contato com pessoas que fizeram parte da equipe.

Conversamos com a professora do Departamento de Entomologia, Sonia Fraga, que foi a redatora e diagramadora da publicação. Ela conta que ele foi idealizado e distribuído durante parte do período que a professora Janira Martins Costa foi diretora do Museu Nacional/UFRJ, entre 1994 e 1998, buscando construir uma comunicação mais eficiente sobre as novidades da instituição.

 

“Eu percorria todas as seções, departamentos e oficinas para saber o que tinha de novidade. Inicialmente, as pessoas viram essa abordagem com desconfiança, imaginando que eu estivesse vistoriando para a professora Janira. Mas não era nada disso. Quando o Harpia começou a ser distribuído, eles entenderam que o que eles me passavam era publicado, e passaram a encarar como uma coisa boa e foi um sucesso”, orgulha-se a professora Sonia. E completa: Era também uma forma de mostrar para cada um, inclusive o pessoal da oficina, o quanto cada um é importante para o Museu existir. E a gente publicava também os aniversariantes, quem viajou a trabalho e o que foi fazer, os balanços de eventos, qual a barraca mais visitada, o público estimado, fotos e todos os detalhes para prestigiar também a equipe que estava por trás disso tudo”.

A primeira edição foi publicada em setembro de 1996, apresentando na capa o que é o Museu Nacional/UFRJ, as visitas recebidas e o que era o boletim: “Harpia é um informativo interno do Museu Nacional criado com o objetivo de divulgar à comunidade do Museu as atividades que vêm sendo desenvolvidas pelos Setores e Departamentos da unidade visando a participação de todos os servidores em prol do renascer do Museu Nacional. O nome Harpia foi escolhido por ser o símbolo do Museu Nacional. Harpia harpyia L. 1758 é uma ave de rapina da família Accipitridae, medindo 1,1m de comprimento, envergadura acima de 2m e pesando até 9kg. É considerada a ave de rapina mais possante do mundo”.

Na primeira página sempre era acrescentada uma parte histórica, permitindo que todos os funcionários conhecessem e valorizassem o Palácio onde importantes fatos históricos do Brasil aconteceram. E, na edição de lançamento, também estava a notícia sobre a peça “O Doente Imaginário”, que incluiu o seguinte trecho: “Para o cenário foi escolhido o Museu Nacional, com o objetivo de chamar a atenção das autoridades para a necessidade de restaurar o Palácio”. O atual diretor do Museu Nacional/UFRJ, Alexander Kellner, destaca a importância desse veículo interno, que já informava sobre o trabalho dos responsáveis pela instituição de buscar recursos para proteger e reformar o prédio há décadas, sendo uma busca que já era antiga e continuou incessantemente, sem que conseguissem ser ouvidos de fato para a liberação da verba necessária.

As reuniões de pauta do Harpia impresso eram realizadas aos domingos na casa da professora Janira, e o marido dela inicialmente fazia a diagramação. Tempos depois, a professora Sonia Fraga assumiu a diagramação para adiantar durante a semana e dedicar os domingos para as reuniões de alinhamento sobre outros projetos da diretoria.

Perguntada como se sentia ao ver os servidores e estudantes lendo os exemplares, Sonia respondeu: Gostava muito porque eu via que todo o trabalho estava sendo útil, que o boletim estava cumprindo seu serviço, com a nossa ideia sendo aceita. Muitas vezes eu via um funcionário passando e perguntava se ele já tinha visto o nome dele no boletim, ele duvidava e, quando via, ficava feliz porque estava lá nem que fosse na seção de aniversariantes. Isso gerava uma sensação de pertencimento ao Museu”.

No logotipo do boletim Harpia, está o desenho assinado pelo ilustrador científico do Museu Nacional/UFRJ, já aposentado, Luiz Antônio Costa. E ele nos cedeu gentilmente a ilustração para que mantivéssemos no novo boletim interno Harpia esse vínculo histórico e afetivo. (Aliás, o Luiz está na nossa matéria sobre ilustração científica deste mês junto com a professora Luciana Witovisk. Leia ou releia aqui).

O nosso primeiro boletim interno Harpia foi descontinuado ainda na década de 1990 por falta de recursos para a impressão. “Inicialmente, a gente fazia uma pequena tiragem, usando impressoras comuns, deixava na entrada e pedia para o pessoal recolocar lá para que os demais servidores pudessem ler depois. Num segundo momento, a gente conseguiu aumentar essa tiragem com a ajuda da gráfica da universidade, mas depois a própria gráfica ficou sem recursos e não tivemos como prosseguir”, explica a professora Sonia Fraga. E ela nos deixa uma mensagem: Quero parabenizar a ideia de ter um novo boletim porque a comunidade do Museu precisa se conhecer, ainda mais agora que temos muita gente nova e sugiro que ele tenha uma linguagem que alcance a todos”.

 

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