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Desde o Devoniano: acervo resgatado no MN conquista série de publicações

Amostras que estavam no Paço de São Cristóvão, sede do Museu Nacional/UFRJ, em 2018, estão sendo usadas em diversas publicações científicas. Nesta matéria, conversamos com o professor do Setor de Paleoinvertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia, Sandro Marcelo Scheffler, para nos passar um panorama sobre os diversos trabalhos que ele lidera com estudantes desde a iniciação científica na graduação até o doutorado, produzindo diferentes níveis de pesquisas. Ele tem como principal linha de estudos o Devoniano brasileiro, que é o período compreendido entre 416 milhões e 359 milhões de anos atrás, mas ele também trabalha com o Cretáceo brasileiro e o antártico.

Fossil Museu Nacional Sandro Scheffler
Fóssil da Coleção do Museu Nacional/UFRJ

Entre teses, artigos e resumos, desde 2018, foram publicadas 60 com a participação do professor Sandro, incluindo material resgatado e recuperado e outros perdidos, mas que já tinham os trabalhos em andamento e estavam fotografados. Um dos mais recentes é a tese de doutorado defendida, no final de setembro deste ano, com o título “Estudo taxonômico da subordem Heteroptera (Insecta: Hemiptera) no Cretáceo Inferior, Formação Crato – Bacia do Araripe”, no Programa de Pós-Graduação em Zoologia (PPGZoo), por Dionizio Angelo de Moura Júnior. Ele foi orientado pelo professor Gabriel Luis Figueira Mejdalani, do Departamento de Antropologia, e co-orientado por Sandro Scheffler. “Foram usadas amostras resgatadas no Paço para essa pesquisa, onde foram identificadas 95 amostras de insetos fósseis dessa Coleção, o que contribuiu para ele concluir sua tese que já estava em andamento antes de 2018”, explica o professor Sandro.

Passalidae Fossil da Coleção do Museu Nacional/UFRJ
Passalidae Fossil da Coleção do Museu Nacional/UFRJ
A importância das Coleções de Paleontologia de Invertebrados

As Coleções de Paleontologia de Invertebrados do Museu Nacional/UFRJ sempre foram importantes para as pesquisas, sendo a mais antiga no país e uma das maiores do gênero. “Nós tínhamos mais de 60 mil espécimes nessa Coleção, com amostras coletadas desde o século XIX, incluindo itens da Coleção da Comissão Geológica do Império chefiada por Charles Frederick Hartt, geólogo canadense-americano que trabalhou no Museu Nacional na época do Imperador Pedro II. Estamos identificando minuciosamente o material resgatado, das coleções iniciadas desde essa época, higienizando, identificando um a um, observando as gavetas onde estavam, comparando com o que temos nos números de tombo ainda existentes e com as fotos em publicações científicas, sempre mantendo o controle e o novo armazenando por lotes. É um trabalho que envolve uma série de fatores e detalhamentos importantes para ser realizado, com o envolvimento de diferentes pesquisadores, e a previsão é que seja concluído ao longo dos próximos 10 anos aproximadamente”, avalia Scheffler. Mesmo o material possivelmente perdido no Paço está sendo usado nas publicações, porque estavam concluídas as etapas de análises e os trabalhos já estavam em andamento. Isso inclui também as coleções que estavam sob empréstimo do Museu de Ciências da Terra e da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo.

Trabalho de campo Sandro Marcelo Scheffler

 

Trabalhos atuais e perspectivas

O professor Sandro Scheffler e seus alunos estão trabalhando neste momento com o conteúdo resgatado e também com as coletas das expedições mais recentes, que estão ajudando a reconstituir as Coleções do Museu Nacional/UFRJ. Em 10 de janeiro de 2022, o professor Sandro voltará à Antártica, dentro do FLORANTAR, do Programa Antártico Brasileiro, com a coordenação do professor Marcelo Carvalho do Departamento de Geologia e Paleontologia. “Entre 2019 e 2020, foram trazidos mais de uma tonelada de material do Cretáceo da Antártica. Outros campos estão previstos, mas, além da pandemia que estamos enfrentando, há as dificuldades de investimentos financeiros, como a garantia das diárias necessárias e do transporte para as expedições de toda a equipe”, avalia Scheffler.

Na linha de pesquisas do Devoniano, a equipe de pesquisadores está fazendo também um levantamento sobre a borda noroeste da Bacia do Paraná, onde se tem pouquíssimos afloramentos conhecidos e publicações e a linha de pesquisa que estão atuando fortemente é o empilhamento estratigráfico e o reconhecimento dos afloramentos, além das publicações taxonômicas. “Para se ter uma ideia, no Mato Grosso do Sul eram conhecidos quatro afloramentos na literatura científica, e nós já conseguimos ter mais de 60 afloramentos levantados, empilhados e datados. Estamos levantando uma boa coleção de amostras dessa região. Outras pesquisas simultâneas estão em andamento”, finaliza o professor Sandro Scheffler.

 

Saiba mais sobre o PPGZoo aqui.

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