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Museu Nacional digitaliza dados primários de 12% dos espécimes-tipo da fauna brasileira de libélulas

A digitalização de dados primários de espécimes-tipo é uma das principais e mais efetivas formas de proteger as informações relativas ao patrimônio de coleções de história natural. E foi pelo uso dessa possibilidade tecnológica, realizada antes de setembro de 2018, que as informações sobre as libélulas da Coleção de Insetos do Museu Nacional/UFRJ estão hoje disponíveis. Um estudo científico publicado em setembro deste ano mostra que no nosso acervo estavam depositados exemplares de séries-tipo pertencentes à 131 espécies, 50 gêneros e 11 famílias, dos quais 105 são holótipos, que somados representam 11.7% da fauna brasileira de libélulas.

A libélula Remartinia restricta

“Trabalhos de digitalização de dados relativos à acervos biológicos são uma nova tendência em diversas áreas da biologia e são de grande importância para a ciência, uma vez que são um meio de registrar e preservar informações sobre a biodiversidade existente de forma permanente ao longo dos próximos séculos, servindo sobretudo como auxílio para reconhecer e identificar as espécies de forma atemporal, de forma prática, econômica e sem barreiras geográficas. Portanto, trabalhos como este reiteram a importância da curadoria e da digitalização de coleções biológicas”, avalia o doutorando Marcus De Almeida, que é orientado pelo professor Alcimar Carvalho, do Programa de Pós-graduação em Zoologia do Museu Nacional/UFRJ (PPGZoo).

O trabalho foi apresentado oralmente, em outubro deste ano, no “Taxonomic Databases Working Group” (TDWG, atualmente “Biodiversity Information Standards”) 2021, um simpósio internacional sobre dados de biodiversidade, e publicado na revista “Biodiversity Information Science and Standards” (BISS), ambos geridos pela editora Pensoft. Assinam a publicação o doutorando do PPGZoo, Marcus De Almeida, o professor da Universidade Federal do Paraná, Ângelo Pinto, e o professor do MN/UFRJ, Alcimar Carvalho.

A libélula Mnesarete rhopalon

Essa publicação preliminar é apenas o primeiro passo de outros três grandes trabalhos sobre os espécimes-tipo de libélulas da Coleção de Insetos do Museu Nacional, que estão em andamento e previstos para serem publicados em forma de catálogos ao longo dos próximos dois anos. Tais trabalhos compõem a sua linha de pesquisa atual e são frutos de sua tese de doutorado intitulada “As libélulas e a fênix: O resgate de informações sobre o material-tipo de Odonata (Insecta) da Coleção Entomológica do Museu Nacional, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil”.

Coleção de Libélulas (Odonata) do Museu Nacional/UFRJ até setembro de 2018

Fundada em 1940 pelo odonatólogo (especialista em libélulas) do Museu Nacional, Newton Dias dos Santos, ela abrigava o primeiro acervo público de libélulas do Brasil, tendo aproximadamente um milhão de exemplares, e sendo a maior e mais importante coleção do grupo na América Central e do Sul. Até meados da década de 1990, nosso Museu era o único centro de referência no estudo de libélulas do País, reunindo em seu acervo o registro físico da fauna neotropical desses insetos nos últimos 80 anos. Por vias de comparação, atualmente, a fauna brasileira de libélulas possui 901 espécies registradas, e somente na Coleção de Libélulas do Museu Nacional estavam depositados 105 holótipos, isto é, um número consideravelmente alto comparado às demais coleções do País. Infelizmente, devido ao incêndio em 2018, não temos mais o lastro físico desse material depositado em nossa coleção. Contudo, os dados primários a seu respeito foram inteiramente digitalizados por pesquisadores do Museu Nacional/UFRJ e da Universidade Federal do Paraná, graças ao Projeto SiBBr (Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira), que esteve vigente no Departamento de Entomologia durante 4 anos (2016–2019), sendo fomentado com bolsas do CNPq aos biólogos selecionados, contando com a liderança ininterrupta neste período da professora Cátia Mello-Patiu, que infelizmente faleceu neste mês de novembro.

A libélula Phyllogomphoides spiniventris
Você sabe o que é um holótipo?

O holótipo de uma espécie é o exemplar físico no qual o nome da espécie é ancorado em sua descrição original. Em outras palavras, o holótipo constitui a evidência física de um organismo utilizado no processo de descrição de uma espécie nova. Dentre as suas diversas utilidades, o holótipo possui uma função extremamente importante na resolução de problemas taxonômicos. Por exemplo, quando houver dúvidas se duas ou mais espécies pertencem à mesma entidade taxonômica, a resposta começa somente com a análise minuciosa de seus holótipos em questão. Portanto, o holótipo é o tipo nomenclatório de maior relevância na taxonomia. Por meio desse trabalho conseguimos registrar e preservar os dados primários relativos a esse material tão valioso depositado na Coleção de Insetos do Museu Nacional/UFRJ, que servirá de suporte para pesquisas futuras sobre biodiversidade.

O estudante Marcus De Almeida
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