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Encantadoras visitas escolares são integradas ao projeto de revitalização do Horto Botânico

Trocas especiais! Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)
Trocas especiais no projeto de revitalização do Horto Botânico! Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)

A fase atual de revitalização do Horto Botânico do Museu Nacional/UFRJ ganhou um componente especial: a visitação de grupos de escolas públicas. Além das obras prioritárias, como a reforma do cercamento externo para garantir mais segurança e a criação de um trajeto acessível até a Biblioteca Central, o projeto proporciona aos estudantes uma experiência única no primeiro museu e casa de ciência do país. Por meio de mediação teatralizada, crianças e adolescentes são instigados a explorar de forma lúdica esse espaço histórico e científico, com o objetivo de despertar sua curiosidade, ampliar o conhecimento e fortalecer um importante sentimento de pertencimento.

Conheça o projeto

Essa iniciativa faz parte do Projeto WAC59/02/2022 – Ampliação de Acesso e Visitação à Biblioteca Central do Museu Nacional,
contando com a realização da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN) e o incentivo da SulAmérica Rede D’Or, por meio da Lei de Incentivo à Cultura da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Ele está sendo liderado pela professora titular do Departamento de Botânica, Vera Huszar, em conjunto com a chefe da Biblioteca Central, Leandra Pereira, e a técnica em assuntos educacionais Fátima Denise Peixoto Fernandes. A expectativa é  contemplar pelo menos 520 estudantes até outubro de 2024. As escolas municipais participantes foram cuidadosamente selecionadas, abrangendo, principalmente, áreas específicas mencionadas no edital do projeto patrocinado, assim como a faixa etária, e essa etapa da seleção já foi concluída. Tudo foi organizado de forma a viabilizar a ida, incluindo o transporte.

Cada visita é única!

Ao chegar, o grupo escolar é dividido em dois. Resumidamente, enquanto uma parte conhece as obras raras e as curiosidades do acervo da Biblioteca Central, os demais passeiam pela área verde do Horto Botânico, sendo acompanhados por extensionistas e servidores. Existe um roteiro detalhado, mas cada visita é única! A professora Vera, a Leandra e a Fátima Denise destacam que o ator que conduz a mediação teatralizada, Saulo Rocha, da Alquimia Cultural e Teatro de Afeto, desde a fase de planejamento, tem apresentado uma série de ideias com um olhar voltado para a educação, aprimorando a proposta inicial e fazendo adaptações de acordo com o grupo de crianças e adolescentes.

A mediação teatralizada de Saulo Rocha no projeto de revitalização do Horto Botânico. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)
A mediação teatralizada de Saulo Rocha no projeto de revitalização do Horto Botânico. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)

Para o contato com as raridades da Biblioteca Central do Museu Nacional/UFRJ, foi pensado no que poderia proporcionar experiências de encantamento para os estudantes, então a Leandra Pereira selecionou curiosidades como a menor obra rara, a maior obra rara, obras da Biblioteca Imperial, deixadas por D. Pedro II para o Museu Nacional quando ele foi embora do Brasil, obras que chegaram durante a chegada dos naturalistas da Comissão Geológica do Império, por exemplo. Entre elas, está: “Dissertatio de Generatione et Metamorphosibus de Surinamenstium, publicada em 1719, por Maria Sibylla Merian. A Leandra explica que ela foi uma naturalista alemã e artista que estudou plantas e insetos, bem como fez desenhos magníficos sobre eles. Viveu em uma época em que a ciência ainda não estava separada da arte como área de conhecimento. Pintou e estudou lagartas, formigas, borboletas, mariposas, aranhas e parasitas, sendo a primeira a adotar a história da vida dos insetos a partir da metamorfose. Outros destaques apresentados nessas visitas escolares são a Torá, um pergaminho pertencente a D. Pedro II e que é um bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), datado pelos idos de 1300, e o incunábulo “Historia Naturale” de Plínio, O Velho, publicado em 1481, do acervo da Imperatriz Leopoldina. As obras raras ficam protegidas por cúpulas de acrílico.

Ao longo do passeio pela área verde do Horto Botânico, o grupo escolar conhece uma série de plantas e árvores interessantes, como o imponente baobá, o pau-brasil e uma grande figueira. Conhecem a história desse lugar, desde os tempos dos naturalistas. No encerramento, todos se reúnem numa grande mesa, para compartilhar as experiências que tiveram, sendo desenvolvido também um trabalho com rimas, liderado pelo ator Saulo Rocha, buscando integrá-los ainda mais, já que as rimas foram identificadas como parte do dia a dia dos jovens.

Durante a atividade, quando vão conhecer as obras raras, os estudantes são convidados a assistir ao vídeo a seguir. Assista também para conhecer mais a Biblioteca Central do Museu Nacional/UFRJ e suas preciosidades:

 

Conheça depoimentos de algumas pessoas que estão participando:
Fátima Denise, professora Vera e Leandra no Horto Botânico do Museu Nacional/UFRJ. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)
Fátima Denise Fernandes, professora Vera Huszar e Leandra Pereira no Horto Botânico do Museu Nacional/UFRJ. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)

Vera Huszar, professora-titular do Departamento de Botânica do Museu Nacional/UFRJ e atual responsável pelo projeto de revitalização do Horto Botânico

“Sempre tive um espírito institucional forte, e ver o Horto sendo revitalizado e as crianças participando desse projeto é um coroamento de todo o trabalho. Esses momentos são muito emocionantes. Mesmo em dias de chuva, vemos as crianças animadas, e os professores, apesar de contidos, ficam tocados. Esse burburinho das crianças, a curiosidade delas, é muito bonito de ver. Desde maio de 2022, estamos em um processo intenso, com três projetos aprovados. Nunca imaginei que, no final da minha carreira, estaria tão envolvida com a parte burocrática, mas também é uma grande satisfação ver o impacto que isso tem. O projeto já está mais maduro, e agora a Leandra vai assumir a coordenação. É um prazer imenso poder contribuir para o futuro do Museu e ver essas crianças interagindo com o espaço, mostrando que todo o esforço valeu a pena.”

Leandra Pereira, chefe da Biblioteca Central do Museu Nacional/UFRJ

“Trabalhar com esse projeto na Biblioteca é uma novidade para nós. A Biblioteca Central do Museu Nacional é um espaço acadêmico, científico, então receber esse público jovem é muito enriquecedor. O mais importante, para mim, é a oportunidade de criar nas crianças um senso de pertencimento. A maioria delas nunca esteve em espaços como o Museu Nacional, e eu me pergunto se elas sabem que tudo isso pertence a elas, independentemente de qual carreira seguirão. O que queremos é que elas entendam que esse patrimônio é delas, dos filhos delas e das próximas gerações. Ele precisa ser protegido e, no futuro, de alguma forma, elas poderão desempenhar esse papel. Esse projeto é sobre mais do que apenas conhecimento: é sobre reconhecer que o Museu e suas obras raras são um patrimônio de todos nós, um legado que elas podem e devem proteger.”

Fátima Denise, técnica em assuntos educacionais do Museu Nacional/UFRJ

“Esse projeto é muito especial para mim porque trabalhei no meu doutorado a relação entre educação fundamental e Universidade, com foco nas visitas escolares. Terminei minha pesquisa em meio à pandemia e não tive a oportunidade de vivenciar mais esse convívio com as visitas. Então, o projeto resgata uma questão em que acredito muito: a importância da visita escolar para o aluno. Quando a criança sai da escola e vai conhecer um espaço como esse, ela amplia seu conhecimento de forma absurda. Ver depoimentos como o de um garoto perguntando ‘o que eu preciso estudar para trabalhar aqui?’ mostra o impacto dessa experiência. Esses momentos criam novas perspectivas e horizontes que a escola, por conta do espaço físico, não pode proporcionar sozinha. Isso me deixa extremamente feliz, pois acredito que estamos plantando sementes para o futuro dessas crianças e ampliando seus sonhos.”

Professora Rosimere Costa da Escola Municipal Francisco Frias da Mesquita, de Rocha Miranda

“O projeto de visita à Biblioteca do Museu Nacional foi simplesmente surpreendente! Os alunos tiveram contato com livros raros e, para minha surpresa, estava entre eles o livro da Maria Sibylla Merian. Todos os anos eu realizo um trabalho sobre mulheres fantásticas, baseado nos curtas que foram exibidos na série de mesmo nome no Fantástico, da Globo. Eu fiquei tão emocionada que cheguei a chorar porque, a partir do curta, trabalhamos a metamorfose das borboletas e nem nos meus melhores sonhos poderia imaginar que esse livro estaria no Brasil. Meus alunos ficaram encantados! Eles são apaixonados por livros e ter a oportunidade de ver pessoalmente o que trabalhamos em sala é como ver a mágica acontecer! A todos que trabalham e financiam esse projeto, o meu muito obrigada”.

Reprodução da ilustração de Maria Merian Sibylla da publicação "Dissertatio de Generatione et Metamorphosibus de Surinamenstium, publicada em 1719, que consta no 'Catálogo de Obras Raras do Museu Nacional/UFRJ' e os estudantes estão em contato
Reprodução da ilustração de Maria Merian Sibylla da publicação “Dissertatio de Generatione et Metamorphosibus de Surinamenstium, publicada em 1719, que consta no ‘Catálogo de Obras Raras do Museu Nacional/UFRJ’ e os estudantes estão em contato

Amanda Guimarães do Setor de Compras da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN)

Amanda Guimarães da SAMN. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)
Amanda Guimarães da SAMN. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)

“Eu me sinto lisonjeada por trabalhar na Associação de Amigos do Museu Nacional. Essa oportunidade permite contribuir e conhecer diferentes projetos. Nesse, as crianças e adolescentes estão tendo acesso ao acervo da Biblioteca Central e ao Horto Botânico, lugares que eu mesma só conheci após começar a trabalhar aqui. É gratificante estar envolvida nessa transformação das ideias do projeto em realidade, através de contratações e compras. Um exemplo marcante foi a descoberta do baobá, uma árvore cheia de história e simbolismo, que conheci ao comprar livros para o projeto. Esse trabalho nos enriquece, não apenas as crianças. Cada detalhe, como a contratação de um artista ou a compra de uma mesa expositória, envolve muito cuidado, o que muitas vezes poderia passar despercebido. Saber que estamos proporcionando essas experiências a tantas pessoas, que elas vão levar isso para a vida delas, é extremamente gratificante”.

Diretor e roteirista Victor Hugo Fiuza, responsável pela produção do vídeo pela Canoa Comunicação e Produção Audiovisual

Victor Hugo Fiuza. Foto: Pedro Kuster
Victor Hugo Fiuza. Foto: Pedro Kuster

“Para mim e toda a equipe envolvida na produção do vídeo foi um enorme prazer participar desse processo, onde entendemos que o vídeo é parte de algo maior, mas que cumpre um papel importante, de apresentar de forma sintética, mas capaz com encantamento, a Biblioteca e o Horto. Todos nós acreditamos muito nos espaços e instituições envolvidas (o Museu Nacional, a Biblioteca e o Horto, além da própria Quinta da Boa Vista) e, por isso, se envolver nesse momento de reestruturação é especial, mesmo que de forma pontual. Saber do retorno positivo dos estudantes nas visitas, com o projeto implementando, vendo que o resultado do nosso trabalho ajuda a introduzir os alunos às obras e à Biblioteca, nos enche de satisfação. Todo o processo de realização foi tranquilo e pudemos contar com a colaboração de toda a equipe da Biblioteca e do Museu, que nos ajudaram com as questões necessárias e práticas, mas sobretudo com a compreensão do significado, dos desafios e objetivos da Biblioteca”.

 

Há mais fases pela frente

O projeto de revitalização do Horto é dividido em três fases principais. Nesta primeira fase em andamento, o foco é a troca de painéis do gradil e a construção de rota acessível. A segunda fase concluirá a reforma da parte externa, e a terceira fase abordará os portões e o levantamento histórico do Horto, já prevendo um plano diretor exigido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Será necessária a busca por mais recursos. A professora Vera Huszar destaca que a parceria com a Diretoria e a equipe da SAMN, assim como o  ETU (Escritório Técnico da Universidade), estão sendo fundamentais para a viabilização dessa iniciativa para o Museu Nacional/UFRJ.

Saiba mais:

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Conteúdo do Harpia Nº 30, outubro de 2024.

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