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Inspire-se em projetos de divulgação científica dos estudantes do MN

Você já pensou em desenvolver atividades relacionadas à difusão do conhecimento científico para o público leigo? Dando continuidade à matéria da edição anterior sobre iniciativas de divulgação científica lideradas por estudantes do Museu Nacional/UFRJ, trazemos mais quatro deles, apresentando seus trabalhos independentes. São diferentes possibilidades, que podem nos inspirar, como: ser colunista em projetos já existentes, criar uma iniciativa do zero e conquistar outros pesquisadores para dividir a produção dos conteúdos, ou mesmo ter um perfil pessoal para disseminar seu objeto de estudo.

‘Que o público perceba a importância dos investimentos em ciência e o porquê da necessidade de aumentá-los’, Erick Lopes do Ciência Brasileira é de Qualidade

Um somatório de fatos, incluindo o momento do início da reconstrução do Museu Nacional/UFRJ, contribuiu para o doutorando em Botânica, Erick Lopes Filho, criar o projeto “Ciência Brasileira é de Qualidade”, em novembro de 2018. Logo, ele conseguiu contar com outros pesquisadores para se juntarem a ele, contribuindo para manter a periodicidade de postagens e, também, de diversidade de conteúdos para contemplar diferentes áreas do conhecimento. Foram criados seis Grupos de Trabalho (GT), contando atualmente com 19 pesquisadores voluntários, que são coordenados pelo Erick.

É um trabalho de equipe e, mesmo morando em estados distintos e tendo rotinas muito diferentes, fazemos o nosso melhor para mostrar que a ciência brasileira merece ser respeitada e defendida”, pontua. Até o momento, não há financiamento de nenhuma fonte. Carinhosamente chamado de CBQ, a ideia é transmitir, em linguagem simples e acessível para o público, o que os pesquisadores brasileiros realizam no país ou no exterior. Em cada dia da semana, uma área diferente é contemplada, e, nos finais de semana, são postados conteúdos interdisciplinares.

Na primeira postagem no Facebook, o Erick resumiu suas principais motivações: “O público tem a concepção de que a ciência brasileira é inútil (principalmente em tempos de crise) e só o que é feito no exterior é correto ou de qualidade. É preciso mostrar que a ciência brasileira possui tanta qualidade quanto a realizada em outros países, senão não teremos apoio para reverter a crise na ciência. Assim, espero que o público perceba a importância dos investimentos em ciência e o porquê da necessidade de aumentá-los, assim como são essenciais as bolsas de iniciação científica, de pós-graduação, pós-doutorado, de produtividades, dentre outras“.

Seu primeiro contato com iniciativas de divulgação científica foi com programas de TV, como “O Mundo de Beakman”, quando ele era criança. Já as iniciativas de cientistas brasileiros, ele explica que pode ter sido após entrar na faculdade, quando passou a ter contato com canais no YouTube como os do Pirula e do Átila Iamarino (‘Nerdologia’), e em blogs, como os do Hugo Fernandes e o ‘Diário de Biologia’, criado por Karlla Patrícia, que realizou tanto o mestrado quanto o doutorado em zoologia no Museu Nacional/UFRJ.

Quem faz o ‘Ciência Brasileira é de Qualidade’?

No GT de Ciências Biológicas, estão: Erick Lopes Filho, biólogo, doutorando em Botânica no Museu Nacional/UFRJ, Jordana Oliveira, doutoranda em Genética na UNESP, Luísa Diele-Viegas, realiza pós-doutorado na UFAl, e Tábata Bergonci, realiza pós-doutorado na Aarhus University (Dinamarca). No GT de Saúde: Jacqueline Gomes, médica plantonista em UPAs da cidade de São José do Rio Preto, Lucas Nicolau, biomédico e professor na UFDPar, Letícia Pontes, realiza pós-doutorado na USP, diretora executiva da Academia Brasileira de Jovens Cientista (ABJC), e Larissa Zitelli, médica veterinária, doutoranda em Ciências Veterinárias na UFRGS. No GT de Exatas, estão: Ícaro Oliveira, diretor executivo da Academia Brasileira de Jovens Cientistas (ABJC), Luan Baraúna, físico, doutorando no INPE, e Raquel Urano, engenheira de alimentos e realiza pós-doutorado na USP. No GT de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Diego Fonseca, doutorando em Ciência da Informação na UEL, Estefânia Borela, psicóloga, realizando residência médica na UFSM, Juliana Rettich, jornalista e professora de português, recém-doutora pela UERJ. No GT de Geociências: André Souza, geólogo e professor na UFOB, Marcela Lázaro, doutoranda em Geociências na UFF, e Viviane Figueiredo, realiza pós-doutorado na UFRJ. Ja no GT Interdisciplinar estão: Carla Rocha, economista, mestranda na Universitat de Barcelona (Espanha), Luísa Diele-Viegas, e Paulo Barreto, jornalista, doutorando em Linguística pela (UFC).

Conheça:

No Instagram @ciencia.brasileira e no Facebook Ciência Brasileira é de Qualidade.

 

Importante ferramenta para a popularização da ciência’, Kamila Bandeira, colunista de paleontologia

Você já pensou em ser colunista? A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zoologia do Museu Nacional/UFRJ (PPGZoo), Kamila Bandeira, é colunista em duas publicações: no site “Fauna News” com a coluna Túnel do Tempo e no blog “Cientistas Feministas”. Em suas colunas, você vai encontrar conteúdos de divulgação sobre paleontologia, buscando quase sempre dar destaque para as mais recentes descobertas e, claro, dando ênfase maior aos achados brasileiros – sejam fósseis, novas teorias, hipóteses, entre outras possibilidades.

“Acredito que a divulgação científica é uma importante ferramenta para a popularização da ciência, e imprescindível para a difusão do conhecimento científico na população em geral. Isso impacta não somente numa sociedade mais crítica e presente, como também indiretamente pode ajudar na captação de recursos para o desenvolvimento de projetos científicos, especialmente os que são considerados ‘ciências de base’”, avalia a pesquisadora, que descreveu para a ciência o titanossauro Austroposeidon magnificus, que tinha mais de 25m e viveu no final do período Cretáceo, há 70 milhões de anos, na América do Sul.

O contato da Kamila com a divulgação científica começou em 2005, aqui no Museu Nacional/UFRJ, na “Expo Interativa – Ciência para Todos”. Ela chegou ao “Cientistas Feministas” a partir de uma chamada que viu no Facebook, concorrendo com um texto sobre paleontologia. E, no Fauna News, ela foi indicada pela pesquisadora Lucy Gomes de Souza, que era a antiga responsável pela coluna “Túnel do Tempo”.

Conheça:

A coluna Túnel do Tempo é publicada no “Fauna News”, e você pode conhecê-la aqui. Os conteúdos produzidos por Kamila no blog “Cientistas Feministas” estão aqui. Além disso, ela participa de iniciativas de laboratórios e compartilha informações sobre a paleontologia em seu Twitter pessoal.

 

‘O conhecimento é um direito de todos!’, Thaiana Garcia das redes sociais @thainomar

Como forma de aproximar a sociedade e os estudantes de graduação do seu foco de estudo, a doutoranda Thaiana Garcia criou o perfil nas redes sociais @thainomar. Nele, você vai encontrar informações científicas sobre crustáceos, principalmente, curiosidades gerais, taxonomia e sistemática (que é como os organismos são classificados), ecologia e conhecimentos básicos sobre todos os grupos de Crustacea, incluindo grupos menos conhecidos pela população, como Peracaridas, Thecostraca e Copepoda. E essa motivação surgiu logo no início da reconstrução do Museu Nacional/UFRJ, em 2018, mostrando ao público não-especializado como o universo desses invertebrados é tão diverso, interessante e economicamente importante.

O primeiro contato de Thaiana com a divulgação científica foi durante a graduação. “Sempre achei extremamente interessante, mas sempre percebi dificuldade em passar o conhecimento para o público. Com os eventos de aniversário do Museu, me adentrei mais nesse mundo e, desde então, o meu interesse só vem crescendo”, conta a estudante do Programa de Pós-graduação em Zoologia da UFRJ (PPGZoo), que adquiriu a base do seu conhecimento no Laboratório de Carcinologia do Museu Nacional/UFRJ.

Perguntada sobre a importância da divulgação científica, ela opina: “O conhecimento é um direito de todos! Assim, a divulgação científica, na minha opinião, possibilita aproximar a sociedade dos estudos científicos que estão sendo feitos no momento e aqueles que já foram realizados. Ajuda, então, a mostrar a importância desses estudos científicos para a população, já que a ciência de base é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e a percepção ecológica do país. Sem as pesquisas não há desenvolvimento, e é nesse ponto que eu acho interessante que as pessoas tenham ciência”.

Conheça:

O projeto está ligado principalmente ao Instagram @thainomar, mas também pode ser encontrado no Facebook e no Twitter.

 

‘Uma sociedade ativamente crítica é capaz de promover mudanças na forma como vivemos’, Marina Gomes das redes Ambientaí e Eco Marina

No período em que estava na graduação, Marina Gomes, ouvia de diferentes professores: “se todo mundo soubesse disso, talvez a nossa situação estivesse diferente”. “Essa frase sempre me incomodou porque sempre me dá a impressão que cada vez mais retemos os conhecimentos em palavras difíceis para dentro do meio acadêmico, quando, na verdade, precisamos de toda a sociedade para mudar grande parte dos problemas importantes”, lembra a doutoranda do PPGZoo e técnica de Laboratório de Coleções Zoológicas.

Esse incômodo e questionamentos contribuíram para surgir a iniciativa “Ambientaí”, sempre pautada na coletividade, buscando explicar as ideias consideradas “complexas” de uma maneira que qualquer pessoa consiga entender. Já o Eco Marina é o perfil pessoal dela nas mídias sociais, criado quando ela decidiu começar a compartilhar ideias e explicações durante o período da pandemia, assim que entendeu que muitas pessoas se interessam e têm dúvidas sobre a pesquisa que ela desenvolve sobre moscas varejeiras e sobre o que ela faz como profissional da biologia.

“A divulgação científica tem uma importância gigantesca. Acredito que é através da divulgação científica e de um ensino científico, no ensino formal, que é possível a construção de uma sociedade com um pensamento crítico. E uma sociedade ativamente crítica é capaz de promover mudanças na forma como vivemos, continuamente. Também acredito na divulgação científica como uma forma de permitir que diferentes pessoas e grupos sociais acessem o conhecimento científico e não apenas as classes privilegiadas”, avalia Marina.

A estudante teve seus primeiros contatos com a divulgação científica, ainda na graduação, durante as comemorações dos 199 anos do Museu Nacional/UFRJ em junho de 2017. “Foi a primeira vez que tive a experiência de explicar conceitos científicos para qualquer pessoa que passasse por ali”, conta.

Quem faz o ‘Ambientaí’?

Além da Marina Gomes, participam: Caroline Letieri, graduanda em Engenharia Ambiental na Uerj, Luana Alem, graduanda em Eng. Civil no Cefet, Laura Cardoso (UFRJ – graduanda em Ciências Biológicas na UFRJ, e Sara Araújo, doutoranda em Engenharia Ambiental e analista Sócio Urbano Ambiental do Município de Irecê, na Bahia.

 

Conheça:

Siga o “Ambientaí” no Instagram, e no TikTok @ambientai_, leia o site, assista ao canal YouTube, ouça o Spotify. Já o “Eco Marina” no Instagram e no Twitter . Ela também faz parte da equipe do podcast de divulgação científica sobre museus CiMusé, que falamos na edição anterior, e está participando como voluntária do Projeto Cartas com Ciência www.cartascomciencia.org.

 

Leia aqui a primeira matéria deste assunto: Estudantes do MN mantêm iniciativas de divulgação científica independentes

 

 

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