Não foi um ano fácil. Como pudemos ver na mais recente congregação, em 10 de dezembro, houve avanços importantes graças ao esforço conjunto da Casa e dos nossos apoiadores para conseguirmos realizar diversas atividades. A maioria delas ocorreu de forma remota, mas conseguimos promover algumas presenciais, seguindo os protocolos de segurança indicados pelos cientistas. Foram inúmeras conquistas ao longo de 2021, e aqui vou resumir as mais estratégicas para o Museu Nacional/UFRJ
Em janeiro, o Museu foi homenageado pelo Festival Multiplicidade, com a projeção do show do artista baiano Tom Zé na fachada do Paço de São Cristóvão. Em abril, pudemos lançar o livreto 500 dias de Resgate – Memória, coragem e imagem, todo realizado pela equipe de resgate da instituição e apoiado pelo Goethe-Institut e pela Fundação Gerda Henkel. Aliás, o Goethe-Institut, parceiro de alguns anos, tem dado oportunidade aos pesquisadores e técnicos do Museu de realizar ações com parceiros da Alemanha, visando discussões de vários temas importantes para as questões de educação e museu, com algumas iniciativas para um grande encontro que será realizado em 2022. A ideia, inclusive, é manter relações científicas e de cooperação ao longo dos próximos anos entre os dois países.
O Museu também participou de diversas exposições. Uma delas, que teve grande sucesso, foi a Darwin – Origens & Evolução . Também Os Primeiros Brasileiros , exposição sobre povos indígenas pode ser lançada virtualmente. Estivemos presentes também na exposição presencial Da Gênese ao Apocalipse, em cartaz no Planetário da Gávea, e na 34a Bienal de São Paulo, com exibição de três exemplares do nosso acervo.
Foram inúmeras lives e ações remotas realizadas em diversas ocasiões, como na 19a Semana Nacional de Museus. No Aniversário de 203 anos do Museu Nacional/UFRJ, dezenas de pessoas públicas, como atores, músicos e jornalistas, e também o nosso público interno fizeram uma homenagem àquele que é o primeiro Museu fundado no país, numa ação bonita veiculada ao longo da semana nas nossas redes sociais.
Entre as ações dos parceiros, podemos destacar diversos webinários organizados pelo BNDES, incluindo um sobre governança e sustentabilidade de museus, que é uma temática complexa e essencial, que precisa ser pensada particularmente no mundo pós-pandemia.
Vários representantes de instituições visitaram o Museu para discutir apoios e iniciativas. Entre estes cabe destaque para o embaixador de Portugal e representantes do Instituto Camões, incluindo o seu presidente. Também autoridades da Holanda e da França (re)visitaram o Paço de São Cristóvão e o novo Campus de Pesquisa e Ensino, procurando se inteirar do que estamos fazendo, o que já conquistamos e buscando estabelecer parcerias que certamente darão frutos no futuro próximo.
Um dos grandes destaques foi o início da campanha Recompõe , cujo objetivo principal é angariar peças originais para as novas exposições da instituição! Importante destacar que essa campanha foi realizada sem custo, através do esforço da casa e de contribuições espontâneas de fora do Museu, como a criação do site e a filmagem do vídeo, onde colegas da instituição se dispuseram a participar. Muitos materiais têm chegado, porém a questão de acervo será certamente um dos principais desafios dos próximos anos.
Do ponto de vista da estrutura física, um dos pontos altos do ano foi o início das obras de recuperação da fachada e telhados do bloco histórico. Quanta luta para se chegar ao 12 de novembro, que entrará para a história como um marco da efetiva reconstrução do Museu Nacional/UFRJ!
Apesar de avanços, nem tudo o que foi projetado pode ser concluído. Havia grande expectativa que os módulos emergenciais destinados para alojar os servidores da instituição fossem erguidos. Por questões da Universidade, isso não ocorreu. Não tem como minimizar o fato de que, após três anos, a maior parte dos professores, técnicos e estudantes do Museu ainda não tenham um local minimamente adequado para trabalhar, particularmente agora que a volta presencial se faz necessária!
Justamente, para fazer frente a esse novo desafio, a instituição escolheu a nova diretoria, em consulta que teve participação recorde da Casa! E a meta, que foi o compromisso assumido pelos que foram escolhidos para estarem a frente do Museu no quadriênio 2022-2026, é a recomposição da normalidade acadêmica da instituição. Nada melhor do que procurar alcançar esse objetivo durante as comemorações do Bicentenário da Independência do país!
Há um longo caminho pela frente até a reabertura do Museu, prevista para 2026. Não está sendo e nem será simples ou fácil, mas é com a união de todos, respeitando a nossa pluralidade de visões e conhecimentos, que encontraremos as melhores soluções para a nossa instituição !
Que possamos em breve trocar um seguro e forte abraço pessoalmente! De preferência na inauguração do Centro de Visitação, onde as crianças das escolas do nosso estado poderão, finalmente, matar um pouco da saudade do seu Museu Nacional! Boas doses de ciência, entusiasmo e ação desde agora pra todos nós!
Alexander Kellner
Diretor do Museu Nacional/UFRJ