Acesse o site do Museu Nacional

Rose Orth e o casamento perfeito com a gente

Trabalhar aqui é algo muito apaixonante. Cheguei exatamente em novembro de 2018 na Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN). Sou gaúcha, tenho ascendência alemã e o meu primeiro grande desafio foi fazer a gestão dos recursos que recebemos do Consulado da Alemnha para o resgate do acervo. Tivemos um mês para realizar as compras necessárias e sinto orgulho por ter conseguido cumprir todos os procedimentos necessários. Na época, a professora Vera Huszar era a presidente da SAMN e celebramos muito essa nossa conquista.

Vejo minha estada aqui como um casamento perfeito! Sempre trabalhei no terceiro setor, em federações da indústria, e a ocupação mais recente foi em uma instituição voltada para a equidade de gênero. Mas meu grande sonho era trabalhar também na área cultural e em projetos de sustentabilidade socioambiental. Ter sido selecionada para trabalhar aqui foi um verdadeiro encontro das minhas escolhas profissionais com as necessidades que a SAMN tem neste momento de reconstrução do Museu Nacional/UFRJ. Sempre priorizei, na minha vida, os trabalhos que me proporcionam prazer no que faço e aqui isso é bem especial.

Estou satisfeita por estar nesta instituição, que é feita por pessoas incríveis, que acrescentam muito na minha vida profissional e para a minha formação como pessoa. Todos aqui sempre estiveram muito dedicados a essa reconstrução e talvez, de fora, muitos nem possam imaginar o quanto as equipes do Museu, da SAMN e dos parceiros se dedicam incansavelmente. Essa é a terceira gestão da SAMN que estou trabalhando. Além da professora Vera, tivemos como presidente o professor Luiz Fernando Dias Duarte e, agora, a professora Mariângela Menezes. O diretor do Museu, o Alexander Kellner, também é uma pessoa que troco muito no dia a dia e o vejo como essencial para este momento, por todo o perfil de trabalhar com muita dedicação e coragem.

Mais um marco histórico em 2 de setembro no Paço de São Cristóvão: celebração da entrega da fachada principal reformada com nossas primeiras exposições

 

Importância do propósito e da qualificação

A minha grande dedicação ao trabalho vem dos valores que aprendi com minha família, principalmente com meu pai e com meu avô, que viam a independência financeira diretamente ligada à dignidade. Cheguei aqui por meio de um anúncio de site de empregos e meu processo seletivo foi conduzido pelo professor Clovis Castro, atualmente aposentado. Na época, ele era o Tesoureiro da SAMN, além de fundador do Projeto Coral Vivo. Quando ele me perguntou qual era a minha experiência em fazer a gestão de recursos na casa dos milhões, respondi, e ele logo quis saber se eu estava preparada para trabalhar com a quantia que estava chegando naquele momento. Agora, eu até brinco sobre isso com ele, porque atualmente nossos recursos são bem mais elevados do que naquele início, e também estamos muito mais estruturados.

Meus primeiros momentos foram concentrados no Horto Botânico, achei o lugar lindo e percebi que o Museu era muito mais amplo do que eu imaginava antes, com os prédios, os acervos que estão ali e a Biblioteca Central. Foi muito marcante para mim, o dia em que os professores Clovis e Débora Pires chegaram do resgate do acervo do Paço de São Cristóvão, completamente cobertos de cinzas. Essa imagem na minha mente expressa muito a dedicação de todos vocês, que transformaram o luto em força. E estar em contato com tudo isso também me deu forças e coragem para acompanhá-los na superação dos grandes desafios.

Em 2019, Rose no aniversário de Clovis Castro, que está entre as professoras Débora Pires, hoje aposentada, e Vera Huszar. Presença de parte das equipes da SAMN e do Coral Vivo, além da professora Cris Serejo

Nos primeiros meses, muitas vezes eu chegava a trabalhar entre dez e doze horas para atender as demandas, nas diferentes frentes. A SAMN precisou se estruturar e se capacitar tecnicamente para conseguir crescer tão rápido para apoiar as novas necessidades do Museu, além das iniciativas que é responsável pela gestão, como o Instituto Coral Vivo (ICV) e o Meros, por exemplo. Meu foco inicial foi desenvolver a melhor gestão financeira possível, porque essa qualificação é essencial para conseguirmos mais recursos, com tudo bem organizado e com os fluxos muito bem pensados. A possibilidade de guardar os documentos da SAMN em drive de acesso remoto a todos foi outro passo realmente importante nesse processo de qualificação. Sem falar que, ainda sem a gente saber, foi essencial estarmos com os arquivos disponíveis em nuvem, quando todos nós fomos surpreendidos pela pandemia de Covid-19 e passamos meses trabalhando de nossas casas.

Posse Festiva das diretorias da SAMN e do Museu Nacional/UFRJ

São muitas conquistas de todos da SAMN até aqui, das diretorias e de todos os profissionais que passaram e que estão atualmente! Foi necessário buscarmos profissionais no mercado, implementar procedimentos importantes para a agilidade e o preparo técnico para, assim, conquistarmos mais recursos. As contribuições das diferentes instituições de fiscalização e de parceiros diversos também nos ajudam nesses aprimoramentos. Um exemplo foi a chegada do Projeto Museu Nacional Vive, em 2020. Nossa equipe ainda é pequena, mas cada vez estamos mais bem preparados para desempenhar nossas funções, atendendo às demandas contínuas. Tudo isso nos ajuda a implementar a sustentabilidade futura e a transparência da SAMN.

Realização na vida

Ainda temos muitos desafios pela frente. Meus contatos iniciais com o Museu Nacional foram por meio do meu ex-marido, que também é gaúcho, mas vinha passar as férias no Rio. Ele sempre relatava com empolgação que, desde a infância, corria pela Quinta da Boa Vista e visitava o Museu. Quando viemos morar no Rio em 2006, cheguei a acompanhá-lo nessas visitas. Foi dura aquela noite do incêndio para todos nós. Foi uma fatalidade e agora precisamos focar nossos esforços nas conquistas para esta reconstrução do Museu.

No estande de doações para a SAMN em evento na Quinta da Boa Vista, em 2019. Entre a Elaine e a Rose, a saudosa Lia Ribeiro

Ainda não sei o seu, mas o meu dia mais feliz aqui foi o da entrega da fachada principal reformada, porque isso é muito representativo para mim. A inauguração da baleia-cachalote, na Cidade das Artes, também foi emblemática, porque foi muito trabalhosa essa chegada, com procedimentos detalhados, e será uma peça do acervo que ainda irá encantar muitas pessoas.

Estar aqui é uma grande oportunidade, que me deixa realizada profissional e pessoalmente, me proporcionando sensações boas de muito orgulho. Agradeço a todos pela confiança no meu trabalho com a equipe da SAMN.

Concluo por aqui meu relato, reforçando a importância de persistirmos, juntos, nos próximos passos dessa importante reconstrução! Vamos conseguir! Já estamos conseguindo!

 

Um abraço,

Rosemeri Orth

Gestora administrativa e de financiamento da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN).

Compartilhe

Facebook
Twitter
Email
WhatsApp
Telegram