De inestimável valor botânico e histórico, o Horto Botânico do Museu Nacional/UFRJ está recebendo olhos atentos para a sua requalificação. Com a liderança da professora de Botânica Vera Huszar, um Grupo de Trabalho realizou um diagnóstico com as necessidades desse campus, especificando as urgências.
Nosso Horto Botânico tem mais de 40 mil metros quadrados e a metade dele é de área verde. “O Horto Antigo, principalmente, é uma verdadeira joia, sendo o lugar mais lindo do Horto, na minha opinião”, avalia a professora Vera, que está disponível para contribuir com essa requalificação até a conclusão de projetos básicos ou executivos para a Direção captar os recursos. “Reconheço todo o trabalho que feito para a reconstrução do Paço de São Cristóvão e a construção do Campus de Pesquisa e Ensino, mas está na hora de todos nós olharmos também para o Horto, onde foi acolhida a maioria dos docentes e estudantes após setembro de 2018. Essa requalificação é essencial para a preservação do patrimônio e estamos, inclusive, no roteiro histórico do bairro de São Cristóvão. Ele é muito bonito, apresentando um importante conjunto de plantas e construções que têm muita história por trás”, completa.
Importância do Horto
Anexado ao Museu Nacional em setembro de 1896, sua área verde é composta pela vegetação de diferentes ecossistemas brasileiros, espécies em extinção, mas também espécies exóticas. A maioria das plantas está catalogada e disponível no site do Horto Botânico. Em 1910, foram construídos tanques, sistema de canais para plantas aquáticas e um lago central para vitórias-régias. “Essas construções históricas são muito bem feitas, com rede hidráulica complexa, facilitando a realização de experimentos. As valas de escoamento têm uma drenagem perfeita até hoje”, explica a professora Vera Huszar. A área do Horto era maior, chegando até a via férrea. No entanto, na década de 1950, perdeu espaço para a abertura das avenidas do entorno e ganhou o espaço para dentro da Quinta da Boa Vista. Ao longo dos anos, foram construídos prédios de alguns Departamentos e a Biblioteca Central.
Formação de Grupo de Trabalho
O projeto atual de requalificação do Horto Botânico foi iniciado a partir de uma reunião on-line para a apresentação da candidatura do segundo mandato do diretor Alexander Kellner, com a vice-diretora Andrea Ferreira da Costa. A professora Vera Huszar sugeriu um olhar atento para o Horto Botânico e recebeu a missão de contribuir, elaborando projetos para melhorias do Horto. Assim, em seguida foi constituído um Grupo de Trabalho (GT) com quatorze professores e técnico-administrativos, todos envolvidos de alguma forma com o Horto, tendo sido elaborado um diagnóstico para a requalificação das áreas construídas e das áreas verdes. Foram elencadas todas as necessidades de pesquisa, ensino e extensão nos prédios e na área verde, incluindo estimativas preliminares de investimento e definição de prioridades. Este documento foi encaminhado pela Direção do MN à Reitoria da UFRJ. (Conheça no final desta matéria os integrantes desse GT).
Principais desafios iniciais
O grande desafio é a elaboração de projetos (básicos e executivos) e esse tem sido um gargalo para a captação de recursos como a requalificação do Horto Botânico. O Museu Nacional/UFRJ não tem engenheiros e arquitetos para a realização desses projetos e muitos financiadores exigem projetos executivos prontos. “Até o momento, estamos contando somente com especialistas realizando pró-bono, o que tem sido raro, ou pelo ETU, que já tem suas inúmeras atribuições”, explica a professora Vera Huszar. Além disso, o contrato da UFRJ com a empresa de manutenção das áreas verdes terminou em outubro de 2021 e até o momento não há outro. Então há árvores caídas e mortas para serem removidas, galhos e folhas espalhados, caminhos obstruídos, necessidade de podas por exemplo.
Gradil é uma das prioridades
A Quinta da Boa Vista está sendo reformada e por estar sob jurisdição municipal, não inclui reforma do gradil no Museu Nacional/UFRJ porque ser órgão federal. O ETU (Escritório Técnico da Universidade) é um parceiro e seus arquitetos já desenvolveram o projeto preliminar e agora trabalham no projeto básico para submeter à licitação de reforma do gradil em toda a extensão do terreno. Nesta etapa, a Direção está buscando captar recursos.
Visitação de escolas
Inscrevemos no Edital 02/2022 da Secretaria Municipal de Cultura o projeto Ampliação de Acesso e Visitação à Biblioteca do Museu Nacional, que tem como objeto a reforma do gradil externo à Quinta, a criação de uma rota acessível à Biblioteca e a visitação à Biblioteca. Este, elaborado pela Leandra Pereira, é voltado especialmente para as escolas municipais das comunidades do entorno da Quinta da Boa Vista, onde os estudantes serão apresentados a obras raras, entre outras experiências de encantamento. Nossa meta, após a captação de recursos e a requalificação do Horto Botânico, é a retomada de visitas escolares e monitoradas, realizadas pelo Departamento de Botânica. Os circuitos já estão concebidos. Enquanto as escolas ainda não podem visitar o Horto, será implementado no segundo semestre de 2022 o projeto “Botânica nas Escolas”, desenvolvido por Fátima Peixoto Fernandes e Heloísa Alves Lima.
Responsáveis pelo Horto
A vice-diretora do Museu Nacional/UFRJ, Andrea Ferreira da Costa, está dedicada às providências sobre as questões do Horto. E o diretor administrativo, Wagner Martins, está também muito próximo para as tomadas de decisão. O responsável administrativo pelo Horto é Robson Mendes e o responsável técnico, Renato Prudencio do Departamento de Botânica. Essa estrutura conta com um único jardineiro José Lúcio da Silva.
Integrantes do Grupo de Trabalho
Com a coordenação da professora Vera Huszar, conta com os seguintes integrantes: Adriana Facina, Andrea Ferreira da Costa, Claudia Barbieri, Claudio Dias, Cristiano Moreira, Eduardo Barros, Gabriel Mejdahlani, Irene Cardoso, Joana Zanol, Leandra de Oliveira, Mariângela Menezes, Paula Van Biene, Renato Prudencio e Wagner Martins.
Vera Huszar e o Horto
A professora Vera Huszar entrou na UFRJ em 1979. Na década de 1990, seu laboratório foi transferido para o Horto Botânico, dedicando-se ao ensino e pesquisa no âmbito da Ecologia Aquática (microalgas). Seu envolvimento mais direto com a problemática do Horto se deu mais recentemente, por volta de 2010. Para as comemorações dos 200 Anos do Museu, em 2018, o plantio de vitórias régias no Lago das Vitórias régias do Horto Antigo foi retomado chegando a florir, mas a infestação de caramujos as eliminou. Seu sonho é ver novamente o lago florido.
Saiba mais:
Conheça no site do Museu Nacional/UFRJ informações sobre Horto Botânico, incluindo os sons das aves identificadas no local.