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Equipe se qualifica para que acervo taxidermizado seja exposto com toque de arte

A faceta artística é essencial para gerar experiências de encantamento nas exposições de museus de história natural. E o Museu Nacional/UFRJ está empenhado para superar as expectativas do público na nossa reabertura. Para isso, acaba de dar um passo importante com a realização de um workshop em parceria com o Museum für Naturkunde Berlin, que é referência mundial no assunto. Em setembro, os nossos taxidermistas e biólogos preparadores de acervo taxidermizado passaram quatro semanas juntos com os premiados taxidermistas de Berlim, trocando intensivamente experiências e realidades. Essa iniciativa, que aliou os dois museus bicentenários, faz parte do apoio do Ministério Federal das Relações Externas da Alemanha e do Goethe-Institut ao nosso processo de reconstrução.

As produções desse Workshop de Taxidermia fazem parte do nosso acervo expositivo. Foto: Felipe Cohen (Projeto Museu Nacional Vive)

“O museu de história natural de Berlim tem uma vertente expositiva muito forte, apresentando o acervo como obra de arte. Essa troca de conhecimento ao longo dessas semanas superou muito as nossas expectativas, porque ampliou a nossa visão para aprimorar e repensar diversos detalhes, que transitam entre a arte, a tecnologia e a biologia”, avalia a curadora da Coleção de Ornitologia e professora do Departamento de Vertebrados do Museu Nacional/UFRJ, Renata Stopiglia.

Durante quatro semanas os participantes trocaram experiências e realidades. Foto: Felipe Cohen (PMNV)

Nesse workshop, em formato tandem, onde as contribuições são realizadas pelas duas instituições envolvidas, foi realizado um diagnóstico da situação atual da taxidermia do Museu Nacional/UFRJ, com um mapeamento de aprimoramentos necessários, permitindo que um caminho seja traçado nessa direção. “Espera-se que haja a continuidade desta parceria, que prevê a ida dos participantes do Rio de Janeiro à Berlim para aprofundarmos as técnicas, e o retorno da equipe de Berlim ao Rio de Janeiro, assim que o novo Laboratório de Taxidermia seja inaugurado. Isso será importante para a capacitação da nossa equipe de servidores que exercem a rotina de taxidermia no Museu Nacional/UFRJ”, explica Renata.

É iniciada a parceria entre os museus de história natural bicentenários: Museu Nacional/UFRJ e Museum für Naturkunde Berlin

Aparentemente, na América Latina, ainda usamos os mesmos procedimentos de taxidermia implementados e consolidados no século XX, especialmente em termos de produtos químicos para a preparação e a conservação dos animais para as exposições. No mercado europeu, houve uma inovação com a fabricação de produtos que contam com especificidades técnicas que visam maior durabilidade do acervo e segurança na preparação.

Cada posição da ave sendo estrategicamente pensada. Foto: Felipe Cohen (PMNV)

“Estamos elaborando uma pesquisa com laboratórios químicos, para que eles nos ajudem a identificar os materiais disponíveis no Brasil, que sejam equivalentes aos utilizados no museu de Berlim. Paralelamente, estamos pesquisando se é possível importar esses produtos e materiais viabilizando o trabalho de taxidermia para as futuras exposições. Tudo isso será um ganho não apenas para o Museu Nacional, mas para os demais museus de história natural do Brasil e da América Latina“, explica Renata Stopiglia.

Ela exemplifica que mesmo a argila precisa de uma maleabilidade para a modelagem artística, mas que também tenha uma pureza rigorosa na sua composição, porque a taxidermia envolve material biológico que pode reagir com as impurezas. Outro exemplo, é o poliuretano: não trabalhávamos com a densidade mais adequada para a elaboração dos moldes, então buscamos e encontramos um fabricante que produziu o material, de acordo com a necessidade para a preparação dos acervos expositivos taxidermizados.

Quanto mais parecido ficar com a postura natural da espécie de ave, melhor! Foto: Felipe Cohen (PMNV)

No museu de Berlim as equipes de taxidermistas são distintas, com dedicação exclusiva para esse tipo de preparação realizada, porque há uma separação entre a taxidermia voltada para as coleções científicas e a taxidermia expositiva. Na primeira, é mantida a tradição de cada grupo na determinação da posição do animal, pensando em como ele será usado para as pesquisas científicas e no espaço que ocupará ao ser tombado na coleção, por exemplo. Já para as exposições não são poupados esforços para que o animal pareça real, vivo, com posições que exprimam uma história da natureza, valorizando a comunicação com o público. O Museum für Naturkunde Berlin é um dos maiores e mais importantes museus de história natural de toda a Europa, tendo em seu acervo expositivo animais com montagens premiadas internacionalmente. É o caso da exposição de araras “ARA”, quando faturaram o campeonato europeu ao apresentarem essas aves da América do Sul.

Premiada exposição ARA do museu de história natural de Berlim. Fotos: Carola Radke (MNB)

“As aves taxidermizadas nesse Workshop de Taxidermia realizado aqui no Museu Nacional/UFRJ irão integrar nossas futuras exposições. Esperamos que, com a continuidade da parceria, outras peças sejam produzidas incluindo exemplares de mamíferos”, informa a professora Renata.

Participantes

A ideia dos profissionais de Berlim era fazer desse workshop uma especialização com um número bem restrito de profissionais, então ficou estabelecido que deveriam participar somente seis servidores públicos, com experiência e atuação rotineira em taxidermia. Foram escolhidos os taxidermistas do Museu Nacional/UFRJ e os servidores que exercem a rotina de taxidermia em suas atividades: Carlos Augusto Caetano, Carlos Rodrigues, Luís Caetano e Tomás Capdevile. Também participaram as servidoras Alexia Granado e Ana Galvão, biólogas que exercem atividades rotineiras de taxidermia no Museu Nacional e na UFRJ, respectivamente. Do Museum für Naturkunde Berlin, vieram ganhadores de campeonatos internacionais de taxidermia: Robert Stein que tem o título de campeão mundial nos anos de 2008 e 2012, Jan Panniger que é o campeão mundial de 2012 e campeão europeu de 2014 e 2018, e Christin Scheinpflug que é vice-campeã europeia de 2018.

Técnica, arte e biologia. Foto: Felipe Cohen (PMNV)

Esse workshop de taxidermia faz parte da série de iniciativas apoiadas pelo Goethe-Institut e pelo Ministério Federal das Relações Externas da Alemanha, que são desenvolvidas entre museus para possibilitar a troca entre especialistas e multiplicadores do setor de museus. Assim, fomentam o desenvolvimento institucional dos museus e intensificam a colaboração entre museus por meio de projetos conjuntos na América do Sul e na Europa.

Saiba mais:

A taxidermia do Museum für Naturkunde Berlin é uma referência mundial. Conheça mais no site deles (em inglês).

Conheça mais imagens da exposição “ARA”. Acesse (em inglês).

 

 

 

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