Quando iam cobrir os fatos da UFRJ, os fotógrafos Diogo Vasconcellos e Raphael Pizzino, espontaneamente, circulavam nos intervalos para explorar e capturar o dia a dia da Universidade. Mas essas fotografias ainda não eram publicadas em nenhum lugar. A partir de conversas, tiveram a ideia de publicá-las e, assim, criaram o Panorama UFRJ, um espaço on-line, que difunde a produção acadêmica, científica e artística da instituição, usando outras linguagens, além do viés documental de fotojornalismo.
“O Panorama não é só sobre o que é a UFRJ, mas também um pouco sobre aquilo que a gente quer que ela seja”, destaca Pizzino, atualmente diretor de Fotografia da Superintendência-Geral de Comunicação Social (SGCOM) e atual coordenador e professor do curso de extensão Fotografia Contemporânea. Pouco a pouco, numa construção coletiva, mais servidores se juntaram ao projeto, desde a concepção, a realização de registros e a curadoria sobre o que é publicado nele. Hoje, os fotógrafos da SGCOM Fábio Caffé, Moisés Pimentel e Ana Marina Coutinho são os grandes responsáveis pela atualização constante do Panorama. A ideia é que as pessoas acessem o site para buscar os registros de atividades que participaram ou utilizem as imagens para ilustrar seus conteúdos, desde que ele não seja comercial e sejam dados os créditos.
Estudantes e mais perspectivas
A iniciativa foi ganhando outras facetas ao longo do tempo, e recentemente se estendeu para o projeto de extensão Fotografia Contemporânea, ganhando mais integrantes para multiplicar os olhares e registros pela UFRJ. Esse projeto está sendo realizado nos moldes do curso que o Raphael Pizzino ministra há anos para a comunidade da UFRJ e para a sociedade com o mesmo nome, sendo o mais recente realizado na Rocinha.
No projeto de extensão, os estudantes ganham contato com a prática fotográfica para desenvolver seus projetos, contando com acesso de câmeras da UFRJ. “A ideia é proporcionar uma troca de experiências, onde nós, como fotógrafos mais experientes, possamos compartilhar nossos conhecimentos e técnicas, enquanto aprendemos com o olhar fresco e inovador desses novos talentos, renovando nosso olhar e também mantendo sempre acesa nossa paixão pela fotografia. O Raphael atualmente está mais a frente e eu estou colaborando em algumas atividades”, relata Diogo Vasconcellos, fotógrafo do Museu Nacional/UFRJ, um dos idealizadores e curador das imagens que são veiculadas no Panorama.
Diogo ressalta que, durante o projeto de extensão, procuram fomentar discussões sobre ética na fotografia, a importância do crédito das imagens, e como utilizar as licenças de forma correta: “É importante para que eles possam não apenas produzir belas imagens, mas também compreender todo o contexto e a responsabilidade que envolve a prática fotográfica”.
E Raphael completa: “Adotamos uma abordagem inspirada em Paulo Freire, promovendo rodas de debate e deixando muito livre para ver o que interessa para cada um deles e depois eles ficam com a missão de fotografar seu tema. Como a UFRJ tem o tamanho de uma cidade, percebemos que seria importante ampliar os olhares fotográficos e que os melhores olhares seriam os dos estudantes”.
Como surgiu a ideia?
“Quando cheguei na antiga CoordCom, anos atrás, o Diogo era o único fotógrafo até então na equipe e começou a me mostrar o acervo dele com uma série de imagens que não eram publicadas e fui sendo apresentado também ao acervo de imagens da UFRJ, que o Alexandre Pereira cuidava e estava construindo um primeiro banco de imagens. Aliás, ele é uma espécie de mentor da memória da Universidade e pessoa-chave. Fiquei encantado com as imagens e falei que era importante publicar esse material em algum lugar, então nasceu a ideia da gente fazer o Panorama UFRJ”, resume Raphael Pizzino.
O conceito contou também com a participação de Vinicius Carvalho, que esteve à frente tanto do design quanto do desenvolvimento do site com outros colaboradores. Em seguida, mais pessoas começaram a fazer parte.
Memórias pelo Museu
Tanto o Raphael Pizzino quanto o Diogo Vasconcellos visitaram o Museu Nacional/UFRJ desde a infância, mas a partir de 2017 os contatos foram ficando mais próximos com a instituição. O momento das festividades do aniversário dos 199 anos foi um que os deixou mais próximos do Núcleo de Comunicação e Eventos do Museu (NuCE).
Na noite de 2 de setembro de 2018, o Raphael foi cobrir o fatídico incêndio por morar mais perto e o Diogo no dia seguinte. “Após esses registros do incêndio, tivemos uma reunião interna para avaliar criteriosamente se essas fotografias iriam ou não para o Panorama, e optamos por publicá-las”, relembra Raphael Pizzino. A imprensa do Brasil e do exterior estava cobrindo aquela noite, e até onde se sabe o Raphael foi o único da UFRJ.
Eles se revezaram nos meses seguintes para cobrir inclusive o Resgate de Acervos no Paço de São Cristóvão. “Não sei se você já esteve dentro de algum lugar que foi incendiado, mas até hoje eu me lembro daquele cheiro. Com a proximidade com o Museu neste período e estando tão perto das pessoas, decidi pedir minha transferência para o Museu porque percebi que aqui eu teria como contribuir mais com o meu trabalho de fotógrafo”, relata Diogo Vasconcellos, que passou a integrar o NuCE.
O Panorama está sendo aprimorado ao longo do tempo e a equipe deseja que futuramente o site possa ter busca, ser indexado, entre outros recursos.
Todo mundo pode contribuir
No site Panorama, há um passo a passo sobre como você pode submeter seus registros fotográficos pela UFRJ. Todas as imagens passam pela curadoria de uma equipe especializada da nossa Universidade.
