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História do Laboratório de Paleoinvertebrados é contada em livro

Você já parou para pensar como é criado um laboratório em um museu de história natural e antropologia? Como ocorre seu desenvolvimento ao longo do tempo? Quem fez e faz parte dele? Essas e outras curiosidades estão no livro digital “A Evolução Histórica do Laboratório de Paleoinvertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional”.

Os professores e autores do livro, Sandro e Antonio Carlos. Créditos: Diogo Vasconcellos

Ele foi lançado no Dia do Paleontólogo, em 4 de março, por meio de transmissão ao vivo pela Sociedade Brasileira de Paleontologia. Está disponível para download gratuito na plataforma Pantheon da UFRJ, tendo a autoria dos professores Antonio Carlos Sequeira Fernandes e Sandro Marcelo Scheffler. O Prefácio está assinado pelo professor Sérgio Alex Kugland de Azevedo.

No livro, o leitor tem acesso a um conjunto de informações que foram coletadas em ampla documentação, sendo tudo complementado pelas memórias pessoais dos autores. Além disso, está ricamente ilustrado por 78 imagens de trabalhos de campo, salas, pessoas, coleções, exposições, participação no Resgate de Acervo e realocação dos pesquisadores em outros espaços do Museu, junto aos colegas de outros departamentos, por exemplo. A publicação digital apresenta, ainda, uma cronologia detalhada sobre as coleções do DGP. O conteúdo é decorrente de uma série de artigos que os autores publicaram sobre as coleções de paleoinvertebrados e do DGP. Como costumavam recorrer ao acervo do SEMEAR, começaram naturalmente a conversar sobre registrar em livro com dados ainda mais completos e específicos. E uma novidade: eles acabam de conseguir verba para publicá-lo também na versão impressa, o que será desenvolvido nos próximos meses.

Satisfação por registrar nossa história

“Eu me sinto orgulhoso pelo trabalho que nós dois fizemos de garimpagem de informações. Conseguimos concluir nosso objetivo inicial de contar não somente a história do LAPIN, mas também do DGP e do Museu Nacional, mesmo que de forma mais resumida, incluindo o que sabíamos pelas nossas experiências. Destaco que fizemos questão de apresentar detalhes por meio de fotografias, muitas delas que reuni desde a década de 1970 e que eu tinha parte desse conteúdo em HD externo na minha casa. Assim, as gerações futuras terão ideia de como eram visualmente até os armários de madeira, entre outros detalhes. Nos anexos, estão citados todos que trabalharam no DGP, com um currículo resumido. Desejo que outras pessoas que vejam falhas ou que queiram complementar os dados desse livro possam escrever também, com essa nova publicação servindo de base de informações”, sugere o professor titular e pesquisador-colaborador sênior do Laboratório de Paleoinvertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional/UFRJ, Antonio Carlos Fernandes.

Registros do professor Antonio Carlos mostram como eram os armários que ficavam no Paço de São Cristóvão
No livro, essa imagem mostra como era um dos armários de madeira com 28 gavetas utilizado na guarda da Coleção de Paleoinvertebrados. Acervo digital do professor Antonio Carlos

Eu me sinto extremamente satisfeito por ter contribuído um pouco para que nossa história fique registrada para a posteridade. O início da reconstrução do Museu foi um grande motivador para que concretizássemos esse sonho que a gente já conversava há algum tempo. Nosso objetivo foi alcançado e que sirva de inspiração também para outros departamentos, laboratórios e setores. Agradecemos a todos que colaboraram, incluindo as equipes da Biblioteca Central e do SEMEAR. O DGP tem formalmente mais de 80 anos, mas sua origem vem desde o acervo coletado nas expedições da Comissão Geológica do Império, com o naturalista Charles Frederick Hartt, por exemplo, fazendo suas pesquisas pelo Brasil. Então, levamos destaques como esse para os leitores conhecerem também os primórdios da nossa instituição bicentenária“, destaca o professor-associado do DGP, Sandro Scheffler.

Alguns fatos históricos que surpreenderam os autores

Durante a pesquisa que resgata a história bicentenária da nossa instituição, os autores se depararam com inúmeras passagens e curiosidades. Confira a seguir as que mais os surpreenderam.

–  Documentos revelam que foi oferecida para o Museu Nacional, ainda na época do Império, uma coleção de fósseis pelo filho de um paleontólogo holandês. Mas ela não foi comprada e nas justificativas estavam registradas informações sobre a falta de recursos financeiros e atrasos em repasses. Essa coleção científica está hoje no Museu de História Natural de Berlim. Esse dado não está no livro, mas os autores contaram para o Harpia que esse tipo de informação nos faz refletir sobre toda a falta de investimentos desde o início do Museu e o que vivemos hoje.

– Na transferência do Museu Nacional do Campo de Santana para o Paço de São Cristóvão, o acervo ficou depositado onde fica hoje o Pátio do Chafariz. Ali tinha acabado de ocorrer a Primeira Assembleia Constituinte para elaborar a Constituição da República recém-proclamada. Essa área estava coberta, como se fosse uma “estufa”, prejudicando parte do acervo de todas as coleções, enquanto o palácio estava sendo reformado. As condições chegavam a ser insalubres nesse momento, segundo os documentos. Destaca-se que muitas etiquetas foram destruídas e ainda não existia o Livro de Tombo das Coleções.

– A grande reforma de 1910 mudou bastante a aparência do Paço de São Cristóvão, onde a capela foi desmanchada, por exemplo. No livro, os autores nos apresentam as ocupações históricas, como a localização do Museu do Imperador, de D. Pedro II, e inclusive a sala do LAPIN ficava nessa área. Destaca-se também onde ficava o primeiro laboratório de Química do Brasil, que ficava nos fundos do DGP.

– Não se sabe ainda exatamente quando foi criada a sala do DGP. Mas os documentos revelam que foi antes de 1940, porque nessa época foi contratado um geólogo alemão com a função de reorganizar as coleções do DGP, junto a professores e funcionários. Foi aí que se criou os Livros de Tombo das Coleções e o acervo foi organizado em móveis de madeira, nos moldes atuais.

O professor Antônio Carlos começou no Museu Nacional/UFRJ como estagiário do professor Cândido Simões Ferreira, mais conhecido como professor Candinho, ainda em sua graduação. Entre suas primeiras atividades, em 1974, foi usar uma sonda rotativa para perfurar um trecho ao norte de Vitória, no Espírito Santo, em estudo sobre o Quaternário. Em 1980, ele passa a trabalhar como professor contratado. Na sala do professor Candinho, no Paço de São Cristóvão, ficava o Setor de Paleoinvertebrados, constando oficialmente no Regimento do Museu Nacional/UFRJ. Com o tempo, passou a ser chamado de Laboratório de Paleoinvertebrados (LAPIN). Já o professor Sandro Scheffler foi orientando de mestrado e doutorado do professor Antônio Carlos em 2002, e ingressou como professor em dezembro de 2013.

Imagem do livro retratando o Resgate do Acervo

Foram escritos livros dedicados às coleções do DGP em 1870 e em 1905. “Há outro livro que cheguei a escrever com colegas, chamado: ‘Dalla Nostra Terra’, sobre as contribuições italianas ao Museu, que também conta várias passagens curiosas. Sugiro que ele e esse novo livro sejam utilizados por todos que desejarem conhecer mais sobre a nossa história. Foram escritos outros livros também”, ressalta o professor Antônio Carlos. Portanto, esse novo livro vem complementar esses conteúdos, tendo eles como base. E você se inspirou para escrever o próximo livro relatando o que você sabe sobre sua área de atuação no Museu? Acesse os livros a seguir, conheça os detalhes da história do nosso Museu Nacional/UFRJ e inspire-se!

Saiba mais:

“A Evolução Histórica do Laboratório de Paleoinvertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional”. Antonio Carlos Sequeira Fernandes e Sandro Marcelo Scheffler. Séries Livros Digital, Nº 27, 2023, 173 páginas. Acesse no Pantheon da UFRJ. Acesse.

“Dalla Nostra Terra: As Contribuições ‘Geognósticas’ Italianas ao Museu Nacional”. Autores: Antonio Carlos Sequeira Fernandes, Vittorio Pane, Renato Rodrigues Cabral, e Andrea Siqueira D’Alessandri Forti. Série Livros Digital do Museu Nacional, Nº 11, 2017, 126 páginas. Acesse no Pantheon da UFRJ. Acesse.

 

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