Acesse o site do Museu Nacional

Cosme e Damião: coleção gêmea vai integrar Museu Nacional e museu no Canadá

Parceria: o professor Nuno Porto do MOA e a professora Renata Menezes do MN/UFRJ com a primeira peça da coleção gêmea sobre Cosme e Damião
Parceria: o professor Nuno Porto do MOA e a professora Renata Menezes do Museu Nacional com a primeira peça da coleção gêmea. Foto: Diogo Vasconcellos

Duas coleções antropológicas “gêmeas” sobre a devoção aos santos Cosme e Damião estão sendo formadas. Uma irá compor o acervo do Museu Nacional/UFRJ e a outra ficará no Museu de Antropologia (MOA) da Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver, no Canadá. Incluindo as renovações da tradição devocional, uma primeira série de peças foi selecionada entre setembro e outubro, que é o período de celebrações a esses santos, especialmente para as religiões de matrizes africanas.

Nesta matéria, vamos informar sobre essa e outras ações do Laboratório do Lúdico e do Sagrado do Museu Nacional (Ludens) relacionadas ao tema. Conheça como se deu essa parceria, como está sendo a composição das coleções gêmeas, e saiba mais sobre o lançamento de “Doces Santos — O Jogo”, cujo protótipo o Ludens acaba de lançar, em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), campus Engenheiro Paulo de Frontin. Confira: 

Início da parceria, aquisição de peças e trocas de experiências

Dar doces para as crianças nessa época é uma tradição cultural e também (inter)religiosa, sendo a devoção aos santos gêmeos Cosme e Damião tema de pesquisas feitas há 10 anos por pesquisadores do Ludens, com a coordenação da professora Renata Menezes. Na pandemia, integrando a Primavera de Museus de setembro de 2020, foi lançada no Instagram a exposição virtual “Doces Santos”, com postagens ao longo do período dos festejos dos santos, que começa em torno de 26 de setembro e vai até 25 de outubro, o dia de outros santos gêmeos: Crispim e Crispiniano. Durante a pandemia, foi lançada também a coletânea digital com resultados da pesquisa, de mesmo título.

“Ao conhecer a exposição virtual ‘Doces Santos’, o professor e antropólogo Nuno Porto, colaborador, há anos, em vários projetos do Departamento de Antropologia do Museu Nacional, propôs a parceria na montagem de duas coleções, gêmeas e físicas. Ele é curador de África e América do Sul no MOA, que fica em Vancouver, em território Musqueam, povo originário da região. Seu acervo conta com imagens de ibeijis, que são estátuas de divindades gêmeas africanas, associados a Cosme e Damião” explica Renata.

O professor esteve no Rio durante o período de celebrações dos santos e ministrou três aulas abertas no curso de Antropologia do Patrimônio, no Programa de Pós-Graduação de Antropologia Social (PPGAS) do Museu Nacional/UFRJ, trazendo dados de suas experiências de pesquisa e curadoria em museus, tanto no Canadá quanto em Portugal e Angola. A professora Renata também o levou para conhecer alguns espaços onde o Ludens desenvolve suas pesquisas, como os barracões de escolas de samba Grande Rio e Mangueira.

A coleção foi iniciada mesmo antes da chegada de Nuno ao Brasil. Gustavo Humberto Alves, artista do Carnaval, refez um par de chapéus de Cosme e Damião, acessório de fantasia do desfile da Mangueira campeão do Carnaval de 2016, do enredo “Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá. Um deles ancora um módulo de futura exposição do Museu Nacional/UFRJ.

Detalhe da peça com Cosme e Damião. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/FRJ)
Detalhe da peça com Cosme e Damião. Foto: Diogo Vasconcellos (MN/FRJ)

“No desfile, a ala das crianças, representando a religiosidade da cantora, veio vestida de Cosme e Damião. A solução do carnavalesco Leandro Vieira, ao colocar duas crianças dividindo a mesma casaca para representar os santos gêmeos, foi profundamente inteligente e simbólica. Tínhamos um exemplar original no Museu Nacional, mas infelizmente foi perdido no incêndio devastador de setembro de 2018. Graças ao talento do artista, conseguimos ter dois novos chapéus, recriando essa peça e inaugurando as coleções gêmeas”, destaca a professora Renata.

Mangueira campeã: ala das crianças homenageando Cosme e Damião no Carnaval com o enredo “Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá
Mangueira campeã: ala das crianças homenageando Cosme e Damião no Carnaval com o enredo “Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá

Para selecionar as peças, os antropólogos percorreram, por exemplo, espaços como o Museu do Folclore, para ter contato com artesãos de todo o país que desenvolvem trabalhos com a perspectiva artística, e o Mercadão de Madureira, onde há imagens e outros objetos associados a Cosme e Damião, a seu irmão mais novo, Doum, e aos ibeijis, que envolvem ressignificações dos personagens Cosme e Damião em diferentes contextos religiosos.

 

Jogo virtual

Apresentado inicialmente, na Rio Innovation Week, em outubro, o protótipo “Doces Santos — O Jogo” foi lançado nas redes sociais em 12 de outubro, o Dia das Crianças, data que faz parte do período de festividades para a infância e quando também se doam doces e brinquedos. A previsão de lançamento da versão final é 31 de outubro. Trata-se de uma parceria entre o Ludens e o grupo de pesquisa coordenado pelo professor Felipe Barros, do curso de Desenvolvimento de Jogos Digitais do IFRJ.

O jogo é um convite para todos participarem da festa: quem come e quem não come doce, quem sai e quem não sai de casa. E para quem quiser alongar a alegria desse dia um pouco mais”, comemora a professora Renata Menezes, que conta com apoio da FAPERJ e do CNPq para desenvolver as atividades do Ludens.

Protótipo de 'Doces Santos - O Jogo' está disponível para baixar de graça
Protótipo de ‘Doces Santos – O Jogo’ está disponível para baixar de graça
Como funciona?

Doces Santos” é um jogo de duas fases em que o jogador deve montar os saquinhos de doces seguindo alguns padrões da festa, o que o torna simultaneamente lúdico e educativo. Ele foi criado com base nos resultados da pesquisa realizada pelo Laboratório do Lúdico e do Sagrado do Museu Nacional/UFRJ (Ludens), que identificou as recorrências dessa prática cultural característica do Rio de Janeiro, significativa para grande parte da população da cidade e da Baixada Fluminense.

Assista:

 

Saiba mais:

A pesquisa já gerou uma série de conteúdos, incluindo trabalhos de mestrado e doutorado, livros, artigos, entre outras produções científicas e de divulgação científica. A seguir, o acesso a algumas delas:

“Doces Santos O Livro”, de autoria de Renata Menezes, professora do Museu Nacional/UFRJ, Morena Freitas, antropóloga do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e Lucas Bártolo, estudante de doutorado do PPGAS/MN/UFRJ. Baixe gratuitamente.

“Doces Santos O Jogo”Baixe o protótipo e divirta-se.

“Doces Santos, A Exposição Virtual” (lançada em 2020, no Instagram @exposicao.docessantos)

“Dulces Santos: Las Devociones a Cosme y Damián en Río de Janeiro, Brasil” (a exposição acaba de ser publicada como ensaio fotográfico no México, na revista multimídia “Encartes Antropológicos”. Acesse.

 

Compartilhe

Facebook
Twitter
Email
WhatsApp
Telegram