Nosso museu de história natural e antropologia costuma alcançar números grandiosos em seu dia a dia. É o caso da cerimônia festiva que acaba de ser realizada, marcando o centenário do Departamento de Entomologia (DE) e a Reunião de número 500 do Corpo Deliberativo.
A quingentésima
A equipe prestou homenagens, contou sua história, festejou suas conquistas, assim como colocou em exposição um conjunto de exemplares e peças do novo acervo entomológico.
A professora Thamara Zacca fez a abertura dessa cerimônia festiva e o chefe do Departamento de Entomologia, professor Gabriel Mejdalani, deu as boas-vindas. O primeiro palestrante foi o professor Alcimar do Lago, que nos trouxe informações sobre os primeiros pesquisadores e como foram concebidos e delineados, ao longo do tempo, as linhas de pesquisas e os laboratórios. Já o estado atual do Departamento foi apresentado pela professora Valéria Cid-Maia, evidenciando os esforços da equipe para as áreas de pesquisa, ensino e extensão.
Foi emocionante a sessão de homenagens prestadas às professoras Cátia Mello-Patiu e Sonia Fraga Lopes, com placas In Memoriam sendo entregues para suas famílias. Para destacar os importantes esforços para a reconstrução da coleção entomológica, a equipe técnica também recebeu uma placa de reconhecimento.
Como o momento merecia um logotipo festivo, foi promovido internamente um concurso e a premiação também fez parte das comemorações. Ele foi usado na comunicação e nas placas de homenagens.
Além dos docentes, técnicos e estudantes do DE, estiveram presentes o diretor do Museu Nacional/UFRJ, Alexander Kellner, e demais membros da Direção, chefias dos Departamentos de Vertebrados, Invertebrados, Geologia e Paleontologia e Botânica, pesquisadores colaboradores, assim como a equipe do Núcleo de Comunicação e Eventos do Museu.
Para representar esse momento especial aqui no Harpia, convidamos um professor, uma técnica e uma estudante do DE:
Gabriel Mejdalani, professor e chefe do Departamento de Entomologia
“Ingressei no Departamento de Entomologia (DE) do Museu Nacional/UFRJ, como docente do quadro permanente da UFRJ, em 1997, aos 29 anos de idade. Desde então, tenho atuado, de forma ininterrupta, no Programa de Pós-Graduação em Zoologia, onde ministro disciplinas e oriento estudantes de mestrado e doutorado. Também sou orientador de estudantes de iniciação científica e supervisor de projetos de pós-doutorado. Ao longo de todos esses anos, minha pesquisa se concentrou na sistemática de cigarrinhas, insetos da ordem Hemiptera que possuem grande importância agrícola. O incêndio ocorrido em 2018 causou a quase completa destruição do DE. Suas graves consequências me afetaram profundamente, assim como a toda a equipe do Departamento, trazendo grande sofrimento. Considero que essa equipe, composta por servidores docentes e técnico-administrativos, estudantes e estagiários, tem atuado de forma exemplar, perseverante e incansável no árduo e longo processo de reconstrução do DE. Um trabalho realmente maravilhoso foi feito nos últimos quatro anos, o que me enche de alegria e motivação em minha atuação como Chefe do DE, que acaba de completar três anos. Como mencionei no evento de comemoração da reunião de número 500 do Corpo Deliberativo do DE, vejo o nosso futuro como muito promissor, pois nossos jovens docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes são competentes, têm amor pelo trabalho e brilho nos olhos. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, agora com 54 anos de idade, continuo a considerar o Museu como a minha segunda casa”.
Ana Luiza Quijada, técnica
“Na época do incêndio eu não era uma servidora do Museu e mesmo vendo tudo de fora, foi um momento extremamente triste. Agora, como técnica, eu sinto uma grande motivação em poder fazer parte desse momento de reconstrução, para manter viva essa instituição tão importante. E poder trabalhar no Departamento de Entomologia tem sido uma experiência enriquecedora e prazerosa, por ter uma equipe tão unida e cheia de disposição para reconstruir a coleção, que foi severamente afetada. Eu tenho orgulho em dizer que posso fazer parte dessa equipe. Foi muito especial poder participar dessa reunião de número 500, porque eu pude conhecer os primórdios do Departamento de Entomologia, que durante toda sua história contou com tantos pesquisadores excepcionais. E que, apesar de tudo que aconteceu, continua produzindo conhecimento e formando novos entomólogos. Isso me inspirou a ter sempre forças para continuar em frente, não importam as adversidades. Como quase toda criança carioca, eu conheci o Museu desde bem pequena. Na faculdade de Ciências Biológicas eu também tive algumas oportunidades de visitá-lo e conhecer parte das coleções zoológicas, mas eu nunca imaginei que conseguiria um dia trabalhar nesse lugar tão especial. E agora eu sou muito feliz pelo Museu fazer parte da minha vida profissional também”.
Maria Vitória Borille, estudante
“Participar da reconstrução do Museu é gratificante, sinto uma satisfação imensa em fazer parte desse momento histórico. O DE é resiliente e poder acompanhar todos os dias o crescimento impressionante das nossas coleções é incrível. É claro que ainda temos diversas limitações, nossa luta é diária, mas acredito que a ciência pode voltar pro cenário político-social e que, juntos, vamos reerguer esse patrimônio histórico da humanidade. Ver a realização da confraternização da Reunião 500 foi emocionante. Foram meses de organização com o corpo social do Departamento, com cada detalhe sendo discutido. Tive inúmeros aprendizados, mas o que mais me chamou atenção foi o entusiasmo do corpo docente, especialmente da professora Thamara Zacca, principal organizadora do evento. Sabíamos que não teríamos verba para concretizar nossas ideias, mas isso não abalou nenhum deles que prontamente decidiram arcar com os custos da comemoração do centenário do DE. O MN entrou na minha vida na metade da graduação, quando o especialista do grupo que estudo veio pra cá e, mesmo parecendo impossível, decidi que tentaria vir também. Foram anos sonhando em conhecer e estudar no Museu, sonho esse, adiado por um incêndio e uma pandemia. Nada tirava minha vontade de estar aqui. Eu era viciada em pesquisar sobre o palácio, sua história e suas coleções, principalmente a Coleção Entomológica. Foi uma pena não poder conhecê-la, mas para mim, é fundamental fazer parte da sua reconstrução”.
Saiba mais:
Visite o site do Departamento de Entomologia.