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Antônio Lima: o querido servidor da Biblioteca Central

Cheguei ao Museu Nacional em 1º de setembro de 1980, por indicação do meu tio Nair Bento Fernandes, que trabalhava aqui como vigilante. Trabalhei na lanchonete por uns 6 meses e, logo depois, quando a professora Leda Dau era a diretora, fui contratado para trabalhar inicialmente com serviços gerais. Conheci a Dona Dulce Fonseca da Cunha, que hoje está falecida e era a chefe da Biblioteca na época, e ela, ao observar como eu executava o meu trabalho, me convidou para trabalhar com ela, me oferecendo a ajuda da bibliotecária Maria Luisa Coelho para me passar todo o serviço de acordo com os procedimentos necessários. Deu tudo certo e estou aqui, fazendo parte da equipe da Biblioteca Central.

Experiências de encantamento

Eu guardo muitas experiências inesquecíveis nestes meus 41 anos de Museu. Muitas vezes, eu acompanhava o meu tio Nair nas rondas que ele fazia à noite pelas exposições do Paço, e eu sentia algo muito leve na sala com as múmias, como se eu estivesse levitando, sentindo uma paz muito diferente, e tudo isso se dava de uma forma muito respeitosa. E eu me lembrava disso sempre com carinho, quando eu participava da SEMNA, a Semana de Egiptologia do Museu Nacional, organizada pelo professor Antonio Brancaglion Junior, recém-falecido, e pela pesquisadora argentina Violeta Pereyra, que trabalhava com ele. Eles eram maravilhosos e estar com eles sempre foi muito agradável. Recebíamos pessoas do Brasil e do mundo e, eu participava expondo as obras raras de Egiptologia no Auditório do Horto Botânico.

Tudo era selecionado e combinado com antecedência com o professor Brancaglion para que os volumes do livro Descrições do Egito estivessem nas páginas selecionadas previamente, e sempre as relacionando com as apresentações. Ao longo do dia, eram trocadas as páginas algumas vezes. Essa obra, em particular, tem ilustrações lindíssimas, bem coloridas e muito encantadoras, com detalhes maravilhosos, que todo mundo queria ver de perto, como tumbas, esfinges, a área de atuação do professor Brancaglion no Egito, entre outros detalhes importantes. As obras ficavam bem protegidas por mostruário de acrílico para evitar qualquer mínimo descuido do público. A Biblioteca possui esta obra completa em 17 volumes. Era muito gratificante ver como as pessoas ficavam maravilhadas e agradecidas, querendo fotografar tudo.

Às vezes, fazemos esse tipo de exposição, quando recebemos visita guiada solicitada pelos professores da casa. Em geral, são expostos inicialmente livros da área de pesquisa e estudo do professor e sempre que possível, apresentamos algumas obras raras relacionadas à apresentação dele no dia. Tudo com as informações bem detalhadas e organizadas. Já sei que eles vão sair daqui felizes da vida e sei que eles nunca mais vão se esquecer, porque é uma coisa única, isso não existe mais, e tudo o que eles precisam de antiguidade estão ali naquelas páginas. Para mim é muito gratificante olhar para eles e perceber o encantamento. E sei que eles vão voltar ao Museu Nacional, quando estiverem no doutorado ou depois com seus próprios alunos e alunas.

Eu fico muito encantado com todas as nossas obras raras. Meu contato começou quando eu cheguei ao Museu, e a Biblioteca ficava ao lado da antiga Sala do Trono no Paço de São Cristóvão, e naquela época elas não ficavam isoladas como passaram a ficar anos depois. Temos obras muito importantes, raras e muito antigas, como a nossa Torá, então precisam ficar muito bem protegidas.

Uma das melhores coisas de trabalhar aqui no Museu é ver como podemos ajudar as pessoas em suas pesquisas. Eu gosto sempre de me preparar para ter como contribuir com as melhores obras para as pesquisas de cada um que chega aqui. Gosto sempre de sair na frente para achar a informação, sempre mantendo a confidencialidade para o pesquisador. Existe todo um cuidado por se tratarem de obras raras e eu fico sentado na frente do pesquisador, porque tem algumas delas que somente eu posso folhear. Alguns vem durante poucas horas e outros vêm inúmeras vezes, e vamos criando um vínculo. Temos grandes pesquisadores que estudaram no Museu e eu mantenho vários deles no meu Facebook.

 

Reconhecimentos

Uma vez a pesquisadora Fernanda do Amaral, estudiosa de corais, ficou sabendo de uma homenagem que eu recebi na Casa da Ciência e ela publicou nas redes sociais dela para todos ficassem sabendo também. São pessoas muito queridas assim que já passaram pelo Museu e eu sempre fico abismado com esse tipo de carinho. Eu também fui homenageado pelo Sistema de Bibliotecas e Informação (SiBI), órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ. Eu estava em casa, me recuperando do estado que fiquei depois da chikungunya, mas meu filho me levou ao evento no Fundão. Foi uma grande surpresa e felicidade, e eu fiquei sabendo somente na hora dessa homenagem.

Família e momentos de lazer

Sou casado com a Fátima Sueli, sou pai do Rodolfo, eu tenho uma netinha de quase 5 anos, a Melissa, que toda sexta-feira vai para a nossa casa no bairro de Alcântara, em São Gonçalo. Sou muito caseiro e nas horas de folga eu gosto de ir pescar com molinete, que é a vara de pescar, e depois vou cozinhar o meu peixinho frito à brasileira ou com molho de camarão. Sou nascido em Guaxindiba e, quando jovem, fui para São Fidélis e me tornei pescador profissional em Macaé. Também gosto muito de ouvir músicas clássicas italianas e também Dire Straits, uma banda muito boa de rock dos anos 70, Freddie Mercury e Queen.

Minha netinha gosta muito de desenhar, e eu mostro para ela os livros bonitos e maravilhosos dos pesquisadores do Museu Nacional, que eu ganho de todos os professores com dedicatórias. Então, na minha casa tem muitos livros e ela adora.

Vou encerrando por aqui este texto. Convido todos vocês a visitar as nossas páginas para conhecer mais sobre o Museu Nacional, e ler o Harpia, que vai ser muito importante para todos nós, principalmente, até a reabertura das exposições. É mais um título para a nossa história, então dedique um tempinho para visitar esse site, nossos outros sites e as redes do Museu. O Museu é muito rico, com os professores, pesquisadores, estudantes e todos nós, que trabalhamos, tendo cuidado com tudo o que estamos fazemos. Agradeço a todos pelo convívio e pelos incentivos que tive a oportunidade de receber durante a minha trajetória aqui no Museu nestes 41 anos.

Esse tratamento que recebo é muito gratificante. Vocês são maravilhosos e é algo fora do comum todo o carinho que sempre recebo.

Fiquem com Deus e um abraço,

Antônio Carlos Lima

 

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