Um primeiro registro de gêneros de minhocas marinhas no Arquipélago das Cagarras, juntamente com uma associação inédita entre gêneros em âmbito global. E mais: uma possível nova espécie, sujeita a estudos mais aprofundados. Essas e outras novidades para a ciência foram apresentadas pela mestranda do Museu Nacional/UFRJ, Layla Fontão, na 14ª Conferência Internacional de Poliquetas, na Cidade do Cabo, África do Sul, conquistando o prêmio de terceiro melhor pôster científico.
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Zoologia (PPGZoo), Layla é orientanda da professora Joana Zanol, que é co-autora desse pôster e chefe do Laboratório de Biodiversidade de Annelida (LaBiAnne).
“Nesse trabalho, realizamos análises detalhadas das características morfológicas dos animais, comparando-os com espécies já descritas, para confirmar sua identidade e até mesmo descrever novas espécies. Por meio desse refinamento taxonômico, vimos que é a primeira vez, inclusive, que se tem registro dessa família no Arquipélago das Ilhas Cagarras”, explica Layla Fontão, que é bolsista do Programa de Capacitação em Taxonomia (PROTAX), instituído pelo CNPq em colaboração com a CAPES, e sua pesquisa tem financiamento da FAPERJ. Vale informar que as espécies estudadas por ela são chamadas na ciência de anelídeos marinhos e popularmente de minhocas marinhas.
Resumo do estudo
O objetivo do estudo foi identificar e descrever as espécies de Chaetopterus presentes no Arquipélago das Ilhas Cagarras, encontradas associadas a agregados de tubos de Phyllochaetopterus sp. Este é o primeiro registro dessa associação e dos gêneros Chaetopterus e Phyllochaetopterus para essa localização. Destaca-se que foi identificado um indivíduo semelhante à espécie Chaetopterus longipes, considerada um complexo de espécies e encontrada pela primeira vez na costa brasileira. Para maior precisão, foi feita uma comparação entre as espécies, a semelhante à Chaetopterus longipes encontrada na Ilha Comprida, e Chaetopterus sp., na Laje da Praça XI, ambas nas Cagarras.
Para esse estudo minucioso, resumidamente, foram realizadas observações em microscópio e cruzamento de dados, a partir da coloração, da quantidade de cerdas, entre outras características. Ainda serão realizados estudos complementares, especialmente com análises moleculares e morfológicas para a certeza da nova espécie de anelídeo marinho para a ciência.
O grande dia!
“Eu tinha visto tantos trabalhos excelentes, que foi uma grande surpresa quando fui chamada ao palco para receber o prêmio de terceiro melhor pôster”, relembra a pesquisadora Layla Fontão, que recebeu auxílio do PPGZoo para a ida ao 14th International Polychaete Conference, em julho, em Stellenbosch, Cidade do Cabo, África do Sul. E ela completa: “Essa foi a minha primeira viagem científica internacional, sendo enriquecedor conhecer outras culturas e especialistas de diferentes lugares do mundo. A professora Joana Zanol valoriza muito a participação nos eventos científicos, apresentando nossas pesquisas e isso é sempre ótimo para o nosso desenvolvimento”.