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Destaque para mulheres do Museu Nacional em exposição e revista

 

Um grupo de mulheres do Museu está em destaque em um dos contêiners com os ensaios da fotógrafa Renata Xavier

Por coincidência, nestas semanas, algumas mulheres do corpo social do Museu Nacional/UFRJ foram retratadas em dois espaços especiais. A primeira oportunidade foi em matéria na revista Ela, do jornal O Globo. A outra é na exposição “Avant-Garde Saravá 1922-2022 – O Erudito, O Popular e A Beleza do Encontro”, da fotógrafa Renata Xavier, que está em cartaz na Orla de São Francisco, em Niterói.

Convidamos algumas delas para nos relatar como foi ter participado desses registros e aproveitar para nos contar qual momento que elas mais sentem orgulho de ter feito parte do nosso Museu. Confira a seguir:

Aline Ariela Passos Lisbôa Pereira, mestranda do PPGZoo

“A participação do ensaio para exposição foi um momento bastante simbólico para mim, pois me senti inspirada a continuar na pesquisa ao ver tantas mulheres incríveis ao meu lado. Sinto que nós mulheres precisamos cada vez mais de outras mulheres para nos inspirar e motivar a ocupar espaços na ciência, inclusive posições de liderança, onde vemos que tem sido um lugar onde ainda não existe equidade.  Penso que o momento que senti e sinto mais orgulho, desde o meu ingresso no Museu Nacional, foi ao iniciar as atividades do meu projeto de mestrado. Realizo um trabalho que resgata as pesquisas de Emília Snethlage no estado do Ceará, uma grande ornitóloga e zoóloga que fez parte do Museu Nacional durante os anos 20. Ela ainda hoje tem sido inspiração para tantas mulheres e homens. Por ela ser esse referencial para tanta gente sinto não só orgulho, mas uma responsabilidade gigante ao tentar fazer jus ao que ela representa para ciência e para nós mulheres.”

Angela Rabello, arqueóloga. 

“Entrei como estagiária para o Museu Nacional, em 1974, pela oportunidade de conhecer, mais ainda, de conviver “ao vivo” com as antiguidades encantadas nos livros escolares. E fui ficando… mergulhando, descobrindo o universo da diversidade cultural. Difícil nomear um momento em que senti mais orgulho de ter participado: orgulho de ter integrado a equipe de Arqueologia tendo à frente a professora Maria da Conceição Beltrão, minha mestra inspiradora e tantas outras mulheres, amigas, pesquisadoras – Salete Neme, Leda Farias, Lina Kneip, Filomena Crancio… Orgulho também de trabalhar, ainda, no Núcleo de Resgate de Acervos orientada pela professora Cláudia Carvalho  em, talvez, o momento mais difícil da história do nosso Museu. Orgulho de ser mulher”.

Camila Messias, técnica do Departamento de Invertebrados

“Sou servidora do Museu Nacional desde 2014. A minha entrada aos 19 anos foi uma transformação para a minha realidade e pessoas próximas a mim. Eu tenho muito orgulho de ter ingressado no Museu Nacional, local de memória e ciência. Auxiliar na construção do Setor de Microscopia Eletrônica de Varredura do Departamento de Invertebrados e depois auxiliar na remoção do que sobrou após o incêndio da sala que passei momentos em que pude contribuir com diversos trabalhos acadêmicos foi algo que marcou a minha vida. Como mulher em uma família conservadora, periférica e machista, eu precisei desbravar muitas estradas sozinha, desde a entrada até a permanência no nível superior e no serviço público. Atividades que levem ao público a presença e o papel da mulher ativo em posições de destaque da sociedade são fundamentais para tirar limitações impostas ao papel da mulher. Eu sempre serei grata por todas as mulheres incríveis que eu conheci e continuo convivendo dentro do Museu Nacional, porque a existência de vocês me fortalece”.

Maíra Laeta, pós-doutoranda do Departamento de Vertebrados

“Ter participado deste registro onde as mulheres do Museu Nacional foram o foco, me fez perceber – ao olhar muitas de nós juntas, que também fazemos parte desta instituição bicentenária. Este ensaio fotográfico certamente nos dará presença entre nossos pares e frente à sociedade. O dia a dia nos afasta da percepção da nossa contribuição e atuação no Museu e mostra que precisamos aumentar nossa representatividade. Participo do Museu desde 2012, e passei a ter minha rotina nesta instituição a partir de 2016, quando então tive algumas oportunidades em sentir orgulho de nós. Ainda assim, uma se destaca em minha lembrança: logo após o trágico incêndio de 2018, passamos por um momento de desolação, mas que logo deu espaço à empatia e ação, já que sabíamos que nossa atitude seria imperativa para garantir a continuidade de nosso Museu Nacional. Me recordo muito bem das listas de colaboradores e das longas jornadas de trabalho para assim nos organizarmos e seguirmos no processo de reconstrução.”

Michele de Barcelos Agostinho, técnica do Setor de Etnologia e Etnografia

Participar desses registros foi uma experiência muito interessante. Além de reencontrar as colegas de trabalho, o ensaio fotográfico permitiu documentar a presença das mulheres no Museu Nacional, a qual, por vezes, foi invisibilizada ou subestimada na história da instituição. Sabemos que, ao longo de todo o século XIX, o mundo da ciência era um mundo profundamente masculino. Foi somente no século XX que cientistas e intelectuais femininas começaram a ocupar o espaço museológico, desempenhando papéis de destaque na direção e na produção científica do Museu. Felizmente hoje a atuação das mulheres no Museu Nacional é marcante e divulgá-la é fundamental para torná-la (re)conhecida. Desde que entrei no Museu Nacional em 2012, o aprendizado tem sido constante. Aprendi com antropólogos, arqueólogos, museólogos e conservadores. Essa interação enriqueceu a minha formação de historiadora. Difícil dizer qual momento mais me orgulho. Arrisco em indicar dois: quando trabalhei no projeto que resultou na exposição Kumbukumbu, ocasião em que a historiadora Mariza Soares me introduziu na pesquisa sobre coleções e exposições; e quando participei do Resgate de Acervos, coordenado pela arqueóloga Cláudia Rodrigues, onde atuei na busca por objetos etnográficos incendiados e pude ver e sentir de perto a destruição e o impacto do incêndio de 2018. Esses dois momentos foram marcantes na minha trajetória dentro da instituição”.

Thamara Zacca, professora do Departamento de Entomologia

“Recebi com grande surpresa o convite para participar do ensaio fotográfico da Renata Xavier. Eu sempre fico muito feliz quando vejo iniciativas como estas, com intuito de retratar e dar maior visibilidade ao meio acadêmico, às pesquisas brasileiras e às inúmeras outras atividades desenvolvidas dentro do ambiente universitário e museus. Especialmente, quando mostram a significativa participação das mulheres em tais espaços. Vejo também esses registros fotográficos como uma forma de inspirar as novas gerações e mostrar para as meninas, desde pequenas, que podem ser cientistas quando crescerem, atuando como pesquisadoras em qualquer área que desejarem, tendo a opção de ter isso como estilo de vida e profissão. Para esta matéria, fui perguntada sobre um momento que mais sinto orgulho desde que ingressei no Museu Nacional/UFRJ. Escolher um único momento é algo praticamente impossível para mim, uma vez que o meu maior orgulho é ser parte do Museu Nacional. Estou no lugar que sempre sonhei estar. Ainda na graduação, meu sonho era trabalhar em algum museu que me permitisse atuar diretamente com coleções entomológicas (mais especificamente com os grupos que estudo, as mariposas e borboletas). Dentre as poucas possibilidades existentes no Brasil, o Museu Nacional era o primeiro no meu ranking dos sonhos! E hoje, mesmo diante das dificuldades diárias, esse sentimento de orgulho é o que me faz querer seguir em frente e tentar contribuir da melhor maneira possível, obviamente dentro das minhas limitações, com as demandas da instituição”. 

Vera Lucia M. Huszar, professora titular do Departamento de Botânica

“É com muito orgulho que tenho participado de vários registros especiais com mulheres dentro do Museu Nacional através de associações de classe, registros e exposições fotográficas, como também fora dele, por meio de associações científicas e mídia escrita da cidade do Rio de Janeiro. Noto que estes registros se intensificaram após o incêndio de 2/9/2018 e, principalmente, após a pandemia. Parece que, para além do momento histórico global de reafirmação da condição feminina, situações críticas nos levam a esta valorização do papel da mulher. É difícil falar de um só momento do qual mais me orgulho desde que iniciei minha carreira aqui no Museu Nacional no final dos anos 70. Posso referir-me a um deles mais institucional e outro mais acadêmico. Do ponto de vista institucional, tenho grande orgulho de estar participando do processo de reconstrução do Museu, desde a fase inicial de acolhimento aos colegas desprovidos de seus laboratórios, passando pela gestão de recursos quando presidente da SAMN, a Associação Amigos do Museu Nacional, até as iniciativas mais recentes para requalificar o nosso Horto Botânico. Do ponto de vista acadêmico, destaco os recursos humanos de qualidade que formei ao longo destes anos e ter sido peça-chave na elaboração teórica, junto com colegas de outros países, da abordagem ecológica dos grupos funcionais e da diversidade funcional do fitoplâncton, que são pequenos organismos fotossintetizantes que vivem em suspensão em todos os sistemas aquáticos”.

 

Revista Ela do jornal O Globo

Com o título “Força Feminina”, a matéria é assinada por Eduardo Vanini com ensaio fotográfico de Márcia Foletto, tendo sido publicada, em 23 de abril, domingo. Foram apresentadas seis profissionais que trabalham neste momento na reconstrução da nossa instituição: Ana Amaral, Cláudia Rodrigues Carvalho, Juliana Sayão, Mariah Martins, Renata Stopiglia e Thaís Mayumi.

Exposição ‘Avant Garde Saravá’

A exposição proporciona encontros entre pessoas de diferentes gerações, em lugares históricos que permanecem vivos. Encontros que fundem passado e presente, por meio de imagens. Está montada à beira-mar, em quatro containers, em um cenário convidativo e visual cinematográfico, com o mar, o Corcovado e a silhueta do Rio de Janeiro como pano de fundo. Ao andar pelo calçadão, os visitantes poderão encontrar com personalidades de vanguarda de ontem e de hoje em lugares que resistiram aos últimos 100 anos. Nesta primeira edição do projeto, serão expostos 10 ensaios realizados pela fotógrafa Renata Xavier, que valorizam a memória coletiva e apresentam quem fez e quem faz a história. 

Mulheres do Museu Nacional/UFRJ pelas lentes de Renata Xavier

A visitação é gratuita, sendo de segunda a sexta das 7h às 10h e das 16h às 20h, e aos sábados e domingos das 7h às 20h. Estão sendo realizadas apresentações do Quarteto de Cordas com integrantes da Orquestra da Grota. Neste domingo, 7 de maio, será às 17h, ao pôr do sol. A exposição estará em cartaz até 14 de maio de 2023, na Praça do Rádio Amador, na Orla de São Francisco, em Niterói.

 

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