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Eliane Frenkel e sua história com o Museu Nacional/UFRJ

Eliane Frenkel no Horto Botânico do Museu Nacional. Créditos: Diogo Vasconcellos (MN/UFRJ)

Dona do “bom dia” mais entusiasmado e conhecido dos corredores do Museu Nacional/UFRJ, Eliane Frenkel fez parte da equipe que realizou nossos importantes eventos desde 2006. Ela acaba de se aposentar e a entrevistamos para compartilhar com a gente sua trajetória, que, ao mesmo tempo, relembra a história recente da nossa instituição.

Harpia Eliane, o que você leva desse tempo todo no Museu para a sua vida?

Eliane Frenkel — Uma das coisas que eu levo para a vida é a resiliência, porque todos foram incansáveis nessa busca pela reconstrução. O esgotamento não foi e nem é limite para parar.

Festival Museu Nacional Vive
Harpia E o que você espera encontrar na reabertura do Museu Nacional para a sociedade?

Eliane Frenkel — Eu sinto uma forte ansiedade de ver isso acontecer, porque quero voltar a ver os olhinhos das pessoas brilhando ao entrar no Museu e toda aquela euforia, ouvir aquela algazarra. Quero acreditar que estaremos logo devolvendo o Museu Nacional para a sociedade, com toda a sua importância para as ciências e a história da instituição.

Harpia Para começar sobre a sua trajetória profissional, como foi a sua chegada à UFRJ?

Eliane Frenkel — Comecei minha carreira na UFRJ, em 1989, trabalhando no Núcleo de Pesquisas da Faculdade de Odontologia da UFRJ. Trabalhava na área de Psicologia Clínica e desenvolvia atendimento psicológico, com apoio de uma equipe multidisciplinar, à comunidade em geral e às do entorno do Fundão. Anos depois, considerei que seria interessante ter uma visão mais sistêmica da UFRJ, e fui trabalhar na área de Recursos Humanos, na Pró- Reitoria de Pessoal. Em seguida, fui para a Decania do Centro de Ciências da Saúde, na área de Extensão. Dali, fui para a Pró-Reitoria de Extensão, onde criamos o “Conhecendo a UFRJ”, que até hoje existe.  É uma alegria ter feito parte desse projeto de peso muito grande e que ajuda os jovens na escolha de suas profissões.

Harpia E quando o Museu surgiu na sua vida?

Eliane Frenkel — Foi inesperado. Eu estava trabalhando no Fundão, mas em 2006, meu pai teve câncer e eu precisava trabalhar mais perto de casa para facilitar a rotina de cuidados com ele, de estar mais perto da minha família. Moro na Tijuca e a escolha inicial se deu pela localidade. Na minha chegada, fui acolhida pela Direção. Em pouco tempo, comecei a me aproximar mais da jornalista Fernanda Guedes, e começamos a pensar sobre o aniversário de 189 anos do Museu Nacional, iniciando a nossa dupla dinâmica! Foi um momento áureo, onde o Museu tinha acabado de revitalizar a fachada e conseguindo verbas de financiadores para uma série de ações e iniciativas.

A dupla dinâmica: Fernanda Guedes e Eliane Frenkel
A dupla dinâmica: Fernanda Guedes e Eliane Frenkel
Harpia Quais as suas melhores lembranças sobre esses 189 anos do Museu?

Eliane Frenkel — Fizemos algo grandioso, que ainda não tinha acontecido, montando uma tenda no gramado da Quinta da Boa Vista. Começamos a entrar em contato com os setores e departamentos. O Sergio Alex e o Wagner, da Direção, nos apoiaram completamente, e, assim, eu, a Fernanda e a Rhoneds, que era coordenadora da Coordenação de Extensão, conseguimos fazer acontecer. Foi um sucesso total, sendo realizado de sexta a domingo, com visitas de escolas e do público em geral. Foi um evento que reuniu, ao longo dos dias, aproximadamente 30 mil pessoas. E contamos com o apoio total da SAE, do SEMU, da SEMEAR, da área de manutenção, da limpeza, dos vigilantes do Museu, Administração, e tantos outros. Isso nos dava também a dimensão de unidade do corpo social, com todos se doando muito.  Quando encerramos o evento, havia um grau enorme de exaustão, mas a felicidade era indescritivelmente maior. E esse foi o primeiro de muitos outros.

Harpia E esse evento com tendas ficou uma tradição na Alameda das Sapucaias… 

Eliane Frenkel — Isso! Com todo o corpo social mostrando para o público os bastidores do Museu Nacional/UFRJ. E a cada ano, mais pessoas do corpo social se envolviam e se esmeravam em trazer detalhes mais e mais interessantes. E todos muito felizes em idealizar tudo em conjunto e concretizar cada evento para a população.

Momento histórico: fachada principal do Paço de São Cristóvão entregue à sociedade!
Harpia Entre esses eventos marcantes, o Museu Nacional também participou ativamente do Turismo Cultural no Bairro Imperial. Como ele surgiu?

Eliane Frenkel — Uma pessoa do Museu de Astronomia teve a ideia de reunir os museus de São Cristóvão, que são vários, e realizar uma atividade integrada para a população, com o oferecimento de ônibus gratuito. O Maurício Mendes, Presidente da Câmara de São Cristóvão e, na época, Administrador da Quinta da Boa Vista, articulou a primeira reunião das Instituições. Assim, foi iniciado o planejamento desse evento. Fico muito feliz de ter participado, com a Fernanda Guedes e com tantos outros do Museu, dessa fase embrionária. O Museu Nacional participou durante 10 anos e dá saudades. Conseguimos os ônibus de graça, e cada pessoa ficava livre para fazer o circuito que quisesse, bastando esperá-los nas paradas pré-determinadas nas instituições e na Quinta da Boa Vista. Na Alameda das Sapucaias, ficavam estandes com estudantes do Ensino Médio de cursos técnicos da FAETEC e da graduação em Turismo da Universidade Veiga de Almeida, fazendo pesquisas com o público e também oferecendo informações sobre a relevância histórica do bairro e de seus atrativos turísticos. Conseguimos implementar tudo isso com as contribuições também do Setor de Museologia, da Seção de Assistência ao Ensino, do Núcleo de Atendimento ao Público, da Administração, entre outros setores, aperfeiçoando nos anos seguintes. Com o passar do tempo, fomos tendo dificuldades de conseguir os ônibus gratuitos, o Museu parou de participar em 2018, e depois, em 2020, tivemos a pandemia. O evento ocorria anualmente durante um final de semana. Foi incrível!

Boca do tubarão no Festival Museu Nacional Vive
Harpia E como é para você olhar para trás e saber que contribuiu com o acesso da população aos museus? Até porque sabemos que existem as barreiras sociais e culturais e esses eventos que você ajudou a construir são essenciais para ultrapassá-las.

Eliane Frenkel — É realmente muito emocionante e indescritível ter sido uma das fomentadoras dessas atividades de popularização da ciência, junto com todo o corpo social do Museu. Conseguimos construir uma credibilidade, tanto internamente quanto com a sociedade e os parceiros. Era bonito ver que as pessoas queriam também que esses eventos acontecessem com frequência. Era uma grande corrente para fazer isso. Foram inúmeras atividades especiais para o público em geral e uma, em específico, para crianças que viviam em orfanatos, sendo idealizada pela Sonia Morais, que se chamava “Um Dia no Museu Nacional”, com oficinas, oferecidas pelos departamentos, e visita ao espaço expográfico. Muito emocionante!

Ensaio da Imperatriz Leopoldinense na Quinta da Boa Vista, no início de 2018
Harpia — Realmente é essencial esse contato com o público, que foi mantido de forma ininterrupta. E como foi para você receber a notícia sobre a sua aposentadoria?

Eliane Frenkel — Eu pedi a aposentadoria até para poder ter mais liberdade geográfica para visitar as minhas filhas, porque a Bia mora em Nova Iorque, nos EUA, e a Paula em Israel. Antes da aposentadoria sair, estava no período de licença prêmio, e na expectativa de retornar ou não para trabalhar. Aproveitei para visitar meu irmão em Porto Alegre e, no avião, recebi o e-mail informando da aposentadoria. Naquele momento, começou a “cair a ficha” que era o meu primeiro dia de aposentada. Voltando para o Rio, eu estava na aula de inglês e comentei com meu professor sobre a publicação.  Ao contar, as lágrimas escorriam e o pensamento era: agora está consolidado! Isso já me deu muita saudade e me emociono ainda muito… Mas minha história não está concluída ainda com o Museu. Vou continuar, sempre que possível, ajudando e apoiando. Fui convidada para ser a mestre de cerimônias do lançamento do livro “Catálogo de Obras Raras do Museu Nacional” agora em abril e estarei lá.

Confraternização em tempos de pandemia
Harpia — Eliane, que bonito tudo isso que você nos resumiu, porque sabemos de toda a sua dedicação e como contribuiu para a nossa instituição nesses eventos tão importantes e, no dia a dia, com seu olhar tão atento para as pessoas, sendo detalhes que fazem a diferença, desde o seu “bom dia” tão entusiasmado. Para finalizar, que mensagem você deixa para as pessoas que fazem o Museu Nacional/UFRJ?

Eliane Frenkel — Minha mensagem é: Nada é fácil, mas, com determinação, motivação, respeito, comprometimento e trabalho em equipe, a gente consegue! Em todo lugar que eu passo eu gosto de deixar raízes e sinto as minhas aqui no Museu. Agradeço a todos por tudo que me proporcionaram, pelas portas abertas e pelo acolhimento na minha chegada, que foi quando pessoalmente eu mais precisei. E, depois, ao longo desses anos, foi uma troca de amor muito grande. O Museu Nacional faz parte de mim, e já sinto saudades das tantas pessoas que conheci. Continuarei por perto, de alguma forma, sempre contribuindo. Por onde quer que eu esteja, vou levar adiante o que é o Museu Nacional/UFRJ e toda sua relevância. Meu agradecimento especial a todos da Direção, que sempre me respeitaram e deram apoio. Gostaria também de mencionar que fui muito feliz com a equipe que pertenci, que, além da amizade, teve uma relação fundamental para o sucesso alcançado em todos os projetos. E, por fim, muito obrigada a todos que compartilharam esse caminho comigo.

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