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Mariângela Menezes é a nova presidente da Associação Amigos do Museu Nacional

A professora Mariângela Menezes acaba de assumir a presidência da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN). Trata-se da primeira associação de amigos de um museu brasileiro, que acaba de completar 85 anos, sendo formalmente reconhecida pela UFRJ como legítima e pronta para apoiar nossas ações e projetos. Nesta entrevista, a nova presidente nos conta suas prioridades para a atual gestão, além de se apresentar para todo o corpo social.

Harpia – Por que você decidiu se candidatar à presidência da SAMN?

Mariângela Menezes – Mesmo já sabendo que é um cargo de alta responsabilidade, assumi a presidência por acreditar na importância da SAMN para a reconstrução do Museu e porque acredito no trabalho da Direção do Museu Nacional/UFRJ, assim como dos demais envolvidos.

Harpia – Como estão estes primeiros dias no novo cargo?

Mariângela Menezes – Antes de me candidatar, conversei muito com o professor Luiz Fernando Dias Duarte e com a professora Vera Huszar, que foram os presidentes mais recentes da SAMN. A intenção foi obter informações sobre o funcionamento com antecedência, já me convidando para participar de algumas reuniões. A posse da nova diretoria foi em 7 de dezembro de 2021, data da publicação do registro em cartório da ata da eleição. Nestas primeiras semanas, estamos trabalhando tanto com a demanda reprimida de pendências, quanto com as novas que não param de chegar. Estamos realizando um plano de aperfeiçoamento da gestão organizacional da SAMN, buscando levá-la a ser uma melhor organização no seu funcionamento, aprimorando as práticas já realizadas pela associação… Estou com muita força de vontade e garra, e impressionada com o tamanho atual da SAMN e o nível de responsabilidade que temos. Eu e a nova diretoria estamos em fase de integração com a equipe, que é altamente gabaritada, e com profissionais de primeira linha (Veja no final desta entrevista quem são os novos diretores).

Harpia – O que você destaca deste momento?

Mariângela Menezes – Eu acredito em gestão integrativa e colaborativa, então estamos realizando reuniões mais frequentes, mesmo que virtuais por conta da pandemia. Na nossa primeira reunião convidamos a Lucia Basto, coordenadora do Projeto Museu Nacional Vive, para apresentá-lo à diretoria da SAMN. Isso foi ótimo porque precisamos conhecer o funcionamento e caminhar junto aos nossos parceiros e à Direção do Museu Nacional neste momento de reconstrução. Toda a diretoria está participando de forma conjunta, e, portanto, nas tomadas de decisão. Também, logo no início desta gestão, fizemos um alinhamento de filosofia de trabalho entre a Direção da SAMN e a Direção do Museu Nacional/UFRJ.

Harpia – Qual a importância desse tipo de alinhamento?

Mariângela Menezes – A atuação da SAMN é independente, mas é importante neste momento de reconstrução que a Direção da SAMN e a Direção do Museu estejamos trabalhando na mesma direção e afinados na mesma linguagem. A nova diretoria da SAMN já iniciou a gestão colhendo os frutos dos trabalhos anteriores e dedicados da Vera e do Luiz Fernando à frente da associação e alinhados com a Direção e com os nossos parceiros. Entre eles, a aprovação do Pronac visando a modernização dos equipamentos da Biblioteca em fevereiro deste ano. Entendo como muito positiva e necessária essa força de trabalho estruturada!

Harpia – O que é essencial para a sua gestão?

Mariângela Menezes – São muitas as tomadas de decisão importantes e a comunicação entre todos os envolvidos precisa estar clara e completa em todas as etapas. Portanto, antes de realizarmos as ações concretas, é importante olharmos para a estrutura e os fluxos de informações, envolvendo a SAMN e sua equipe, o Projeto Museu Nacional Vive, a Direção do Museu Nacional/UFRJ e demais atores, porque precisamos estar numa relação biunívoca, com um canal único de informações, evitando comunicação fragmentada. Como comentei, estamos realizando ajustes na gestão organizacional da SAMN. Estes reajustes são oriundos de um diagnóstico resultante de consultoria externa, aprovada já no final da gestão do professor Luiz Fernando, o que achei ótimo. A partir desse diagnóstico, que já ficou pronto, obtivemos um panorama geral sobre os pontos frágeis e os fortes da SAMN, e isso será essencial para consolidarmos ainda mais a nossa associação.

Harpia – E quais são as ações prioritárias da sua gestão?

Mariângela Menezes – A grande prioridade são as ações e contratos voltados para o restauro do Paço de São Cristóvão e demais obras em desenvolvimento. Conseguiremos entregar a Biblioteca para a comunidade do Museu e a sociedade como um todo ainda neste ano. Também está nas nossas prioridades trazer a Estação Biológica de Santa Lúcia (ES) para mais perto da nossa atuação, investindo mais em ações de ensino, pesquisa e extensão. Eu conheço a área que, além de constituir importante corredor ecológico da Mata Atlântica, é um patrimônio da SAMN, com gestão conjunta com a UFRJ e o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). São muitas as ações traçadas, em continuidade às já existentes e iniciando outras para melhorar a entrada de caixa, e estamos buscando mais parceiros.

Harpia – O que você deseja deixar como legado?

Mariângela Menezes –Acima de tudo, quero manter o ritmo de crescimento e fortalecimento da SAMN, proporcionado pelo empenho dos meus colegas nas gestões anteriores. E, para crescer mais, ela precisa estar bem estruturada e preparada para essa evolução. Ao fortalecer a associação, colaboraremos ainda mais com a reconstrução do Museu Nacional, porque vislumbro um avanço nesta reconstrução durante estes dois anos, com entregas importantes no Paço de São Cristóvão, da Biblioteca, e progresso nas obras no novo Campus de Ensino e Pesquisa do Museu Nacional. Já está em vista também a entrega do novo centro de visitação do Museu Nacional, visando receber as escolas com exposições e atividades de educação museal. Certamente tudo não estará finalizado nos próximos dois anos, mas desejo que as obras no Campus estejam bem adiantados para entregarmos aos colegas seus espaços de trabalho e à sociedade as atividades de extensão. Que a gente consiga resgatar alguma dose de otimismo com esses importantes avanços.

Harpia – Você já teve algum cargo na SAMN?

Mariângela Menezes – Nunca, somente fui sócia mesmo. Mas, acompanhei bastante o trabalho da professora Vera Huszar na presidência da SAMN, quando ela assumiu em 2018. No nosso laboratório de Ficologia, somos muito unidos, trabalhando há mais de 40 anos juntos. Víamos a intensidade de trabalho da Vera e, sempre perguntávamos se ela precisava de ajuda.

Nova diretoria da SAMN
Nova diretoria da SAMN
Harpia – Na sua opinião, qual é a importância da gestão administrativa?

Mariângela Menezes – A gestão administrativa é, na verdade, uma exigência. Não sou apaixonada por isso, mas passei a dar valor sobre a sua importância para a nossa formação e atuação, porque nos proporciona uma visão sistêmica sobre a tricotomia: ensino, pesquisa e extensão. É um mundo diferente da nossa experiência acadêmica, mas é complementar porque nos confere propriedades essenciais, como entender a importância de se fazer políticas institucionais de ensino, de pesquisa e de cultura públicas. Há décadas estou envolvida, participando de uma série de comissões e comitês de assessoramento em colegiados. Foi assim que comecei a dar valor e a entender o que é uma universidade, o que é o Museu Nacional, o que é o Fórum de Ciência e Cultura, seus papéis e importância.

Harpia – Quais cargos de liderança você já teve no Museu Nacional especificamente?

Mariângela Menezes – Durante 20 anos, fui coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Botânica (PPGBot), incluindo coordenação adjunta. E mais recentemente fui chefe do Departamento de Botânica. Fui representante do Museu Nacional junto ao CEPEG, durante cinco anos, e mais recentemente eu faço parte do Conselho de Relações Internacionais como representante do Museu Nacional.

Harpia – E como foi seu início no Museu Nacional/UFRJ?

Mariângela Menezes – Comecei aqui no Museu fazendo um estágio na época da graduação, em 1978. Depois, fiz o mestrado focado em meu grande interesse: a ficologia, que é o estudo de algas, e ingressei como bióloga em 1989. Em 1996, assumi como professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Botânica (PPGBot) e, até este ano, atuei como curadora da Coleção de Criptógamos do Herbário do Museu. No meu início, a Botânica ficava no Paço de São Cristóvão e lembro com alegria dos momentos especiais. Tinha um vigilante, que nós o apelidamos com carinho de Seu Barriga. Por volta das 14h, sempre tinha um típico “vendaval” que arrastava tudo na sala, o que nos obrigava a fechar as portas e, às vezes, esquecíamos de reabri-las. Ao final do expediente, Seu Barriga sem perceber que ainda estávamos lá, acabava fechando as portas de acesso às saídas com a gente lá dentro. Então, a ficávamos gritando do segundo andar e a chamá-lo pela janela para ele reabrir estas portas. Ele era a nossa salvação, sempre divertido e querido. Tenho saudades guardadas de pessoas muito especiais, tanto das que ainda estão quanto das que já não trabalham mais aqui.

Harpia – Professora, vamos entrar agora na apresentação sobre a sua vida pessoal. Lembro que, quando te conheci na gravação da campanha Recompõe, você comentou que fez teatro. Como é a arte na sua vida?

Mariângela Menezes – A arte sempre esteve presente na minha vida. Sou de uma família pseudo-burguesa, antipática mesmo, onde todo mundo tinha que se formar em áreas consideradas à época “tradicionais”. Eu fui para a área da Biologia, mas já fazia teatro desde o ensino médio. Quando fui morar sozinha, comecei a fazer teatro de Tablado com a Maria Clara Machado, mas não consegui levar muito adiante porque precisava trabalhar. Não tive como me dedicar ao teatro, então fui para a dança, arte que exercito até hoje. Faço aulas de flamenco, dança indiana clássica, folclore árabe, entre outros estilos, e confesso que a dança, atualmente, é a minha terapia porque, ao dançar, eu descobri o espaço que o meu corpo ocupa no espaço — metaforicamente falando. Amo a cultura árabe, hispânica, africana, indiana… Essas culturas conversam entre si. Mesmo após uma série de reuniões pauleiras, eu faço questão de ir para as minhas aulas de dança. Eu não sou uma pessoa do tipo que gosta de holofotes enquanto trabalho, prefiro trabalhar na parte da organização, ou nas “coxias” como costumo brincar. Holofotes mesmo, só na hora da dança com meus figurinos no palco. Também adoro estudar línguas bem distantes das usuais, e mais recentemente passei a iniciar os estudos de sânscrito, que é muito interessante.

 

Harpia – E como são seus momentos com a família?

Mariângela Menezes – A minha mãe ainda é viva, tenho um filho, e tenho uma netinha, minha querida Olívia, de 3 anos e meio, que adora dançar também. Minha família é como toda família, que do meu ponto de vista é uma “colcha de retalhos”, mas ninguém pode falar mal dessa “colcha de retalhos”, não é? Meu círculo de amigos é restrito, mas são amigos de fé, incluindo amigos desde os tempos do colégio.

Harpia – Para encerrar, qual mensagem você gostaria de deixar para os leitores do boletim interno Harpia?

Mariângela Menezes – Quero convidar a todos a se associarem à SAMN, porque no momento contamos somente com 73 associados. E, quanto maior for o número de sócios, melhor será a nossa consolidação. A anuidade é barata, e podem se associar todos os interessados, além dos estudantes e servidores que estão na ativa ou não. Se não fosse a dedicação enorme da equipe do Museu Nacional, da SAMN e dos nossos parceiros, nós não estaríamos com todas essas conquistas neste momento de reconstrução. É essencial que essa dedicação seja aumentada com mais pessoas associadas, tanto do público interno quanto externo. O Luiz Fernando já tinha a ideia de trazer formar uma associação de ex-alunos da SAMN, e podemos fusionar essas ideias em outros espaços da sociedade. Precisamos pensar no cultural imersivo do Museu Nacional, ampliando a popularização da ciência para fora do meio acadêmico. É essencial, também, que a gente consiga desmistificar o que é uma associação de amigos de museu. Precisamos chamar as pessoas para além das exposições, mais para o dia a dia do Museu, através da SAMN. Vejo isso como algo muito necessário. Associe-se e convide seus amigos, vizinhos e familiares. Vou até me apropriar das palavras do poeta Thiago de Mello para deixar uma mensagem: O Museu Nacional e a SAMN estão comprometidos com a sua e com a minha vida. É a nossa resiliência que nos salva junto com a nossa força de vontade! E está mais do que provado que o Museu Nacional é mais resistente do que a própria fênix.

 

Saiba mais:

Visite o site da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN) e informe-se como se associar e também como deixar sua doação. Acesse: https://www.samn.org.br/

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