Não sei se você já me conhece ou não, mas pode me chamar de Sol ou de Solzinha, que é assim carinhosamente que me chamam meus colegas e amigos do Museu. Por motivos de segurança pessoal, estou aqui sem mostrar meu rosto e somente usando meu apelido. Espero que a gente possa logo se encontrar novamente! Para quem ainda não me conhece, no dia a dia, sou bem reservada, e busco tratar a todos muito bem, sempre mantendo o elo mesmo neste momento em que estamos distantes uns dos outros. O Museu tem pessoas muito especiais para mim.
As lembranças dos meus primeiros dias são incríveis, porque foi um deslumbre, uma grande novidade e descoberta. Lembro que cheguei e fiquei meio tímida, observando as pessoas. Sou muito grata e sinto orgulho até hoje por ter começado na limpeza e, para mim, só mudou o uniforme porque a essência é a mesma. Foi onde tudo começou por aqui. Colegas dessa época continuam no Museu e é sempre uma alegria conversar com eles. Também mantenho contato com quem se aposentou ou mudou de serviço, e se eu fosse citar nomes aqui ficaria um texto infinito. Sinto muito orgulho de ser amiga dessas pessoas, que sempre vieram falar comigo, perguntando como estou, e significam muito para mim! Sempre me olharam como ser humano, independente da farda, porque a minha essência realmente está além do pano que visto.
Minha chegada à vigilância
Antes de começar em museus, eu trabalhava na área metalúrgica e estava desligada, então a minha comadre Vânia perguntou se eu gostaria de trabalhar na limpeza porque o irmão dela trabalha na Funarj e tinha como indicar para a empresa responsável pela área. Eu quis, porque eu estava em casa e não estava visando cargo, mas ocupação. Esse início foi na Casa da Marquesa de Santos, também aqui em São Cristóvão, onde passei menos de um ano e ingressei logo aqui no Museu Nacional. Acho que foi por volta de 2008: não estou bem certa.
Fazia muitos anos que eu não vinha ao Museu ou à Quinta passear com a minha família, e sempre morei aqui nas mediações. Quando assumi o serviço é que redescobri o Museu Nacional! Segunda-feira era o dia de limpeza intensa, com enceradeira profissional e todo o cuidado com o acervo, que era o dia fechado ao público e depois a gente se dividia por setores, sempre para manter tudo limpo para a visitação intensa.
Mudei para a área de segurança por indicação da Juliana da administração, que percebeu que eu levaria jeito. Ela confiou na minha pessoa. Quando ela ingressou aqui, ela me colocou na portaria e logo depois me indicou para a oportunidade de vigilante, sendo que eu precisava fazer um curso. Ser vigilante é muita responsabilidade em todos os sentidos. Inicialmente, fiquei em dúvida porque nunca tinha almejado essa função. Mas a Juliana sempre me deu força, porque é uma pessoa que conhece a cada um de nós profundamente. É só gratidão pela oportunidade e confiança e estou nessa função há 7 anos.
Meu lazer
Nas minhas folgas, gosto de cuidar de mim e da minha casa, ver novelas, programas de receitas e de música, e também gosto de ouvir. Busco distrair a minha mente, evitando ver notícias de tragédias. Gosto de passear, visitar minha família e meus amigos. Antes da pandemia, eu sempre ia a shows. Em casa, adoro preparar bolos de aveia e de farinha integral. Sou uma formiguinha de bolo! Aqui no serviço, volta e meia, eu e meus colegas aqui da vigilância trazemos um bolinho e dividimos, até porque é um gesto de atenção com o outro. Nós somos muito unidos e me sinto muito bem aqui!
Homenagem no documentário “Fênix: o Voo de Davi”
Fiquei surpresa, emocionada e lisonjeada quando fui homenageada nos créditos do documentário “Fênix: o Voo de Davi” e também por ter sido citada na live no YouTube do Museu. No meu posto, estou sempre para servir da melhor forma possível, exercendo o meu trabalho. E foi o que aconteceu: recepcionei o Vinícius Dônola, assim como fazia com todos quando eu estava na entrada do Palácio. E ele começou a me chamar de madrinha e me apresentar para a produção dele, sendo sempre carinhoso, me falando em todas as gravações quais os artistas que iriam gravar aqui e eu ouvia de longe, porque não podemos deixar nosso posto no horário de trabalho. Mesmo eu estando no Anexo, ele vinha falar comigo. O Museu é uma história muito intensa para mim e ter sido citada no documentário é algo fenomenal. É um lugar que sinto um amor imenso! Faz parte da história da minha vida. É um lugar da história do povo. E já espero a reabertura para os trabalhadores e a população, mesmo que parcial!
Fiquei sabendo que a equipe de Eventos, que me indicou para esta participação aqui no Harpia e agradeço. A Eliane, a Fernanda e a Sônia, que se aposentou, sempre me trataram muito bem, desde quando me conheceram, e estão sempre à disposição, sempre me ligando para saber como estou. Isso é uma demonstração de carinho e afeto, que valorizo demais.
Muito obrigada pela companhia de todos vocês! Quem faz o Museu Nacional somos todos nós juntos!
Um beijo pra todos e até logo,
Sol.
Observação: Cabe esclarecer que fotografamos a Sol em diferentes ângulos, incluindo fotos de rosto, e ela escolheu essa fotografia para preservar sua privacidade até porque o site Harpia é aberto a todos, e ela enfatizou desde as primeiras ligações que é uma pessoa muito reservada.